Marketing multinível e pirâmide: saiba a diferença para não cair em golpe

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Roberto Portela é especialista em marketing multinível
Roberto Portela, especialista em marketing multinível, diz que pirâmide exige investimento no negócio ou produto

Em tempos de crise, muitos apostam em formas alternativas de gerar renda. Em Governador Valadares não é diferente e os sistemas de pirâmide e marketing multinível (MMN) têm atraído muitos valadarenses.

Hinode, SCI (Sistema de Consumo Inteligente), I9 Life, PCI (Plano de Consumo Inteligente) são as mais recentes empresas do marketing de rede que estão atuando na cidade e região.

O jornalista Ricardo Lima, que acabou de aderir ao Plano de Consumo Inteligente (PCI), disse que a possibilidade de ganhar uma renda extra em um negócio com horário flexível foi fundamental para aceitar o convite.

Ele garante que o investimento em marketing de rede compensa, mas não é dinheiro fácil: “o seu resultado está ligado ao tamanho do empenho e do foco que cada associado dá ao seu negócio”.

Esses sistemas não são novidades no Brasil e em nenhum lugar do mundo. Mas quando a economia vai mal, eles conseguem maior alcance e se propagam com maior velocidade.

Como as diferenças entre MMN e esquema de pirâmides são muito pequenas, especialistas no assunto dizem que a melhor maneira de se proteger de golpistas ainda é “desconfiar de dinheiro fácil”.

Entenda as diferenças

O conceito de marketing multinível é antigo e teria surgido nos anos 20, quando o empreendedor americano Carl Rehnborg lançou a linha de suplementos nutricionais Nutrilite.

Da mesma forma, o esquema de pirâmide existe há pelo menos um século, e em vários países, inclusive no Brasil, é considerado criminoso.

De um modo geral, o que distingue um do outro é a origem de sustentação do negócio. Quando a receita vem da cobrança da taxa de adesão, da necessidade de recrutamento de novos membros e o produto oferecido não existe realmente ou não é a fonte principal da empresa, temos o esquema de pirâmide.

“Nesse formato, enquanto houver pessoas entrando, você recebe; na hora que parar, o negócio acaba”, disse Roberto Portela, especialista em marketing multinível.

Ele explica que o marketing multinível é uma estratégia de venda dentro da venda direta, em que a pessoa ganha ao vender o produto ou quando outras pessoas vendem.

“A receita principal está na comercialização dos produtos para consumidores fora da rede, mas os membros também ganham ao trazer novos participantes. É um sistema atrelado ao consumo que proporciona vantagens, descartando a figura do atacadista e varejista”, conta Portela.

Cuidados

Ganho extra motivou jornalista a entrar no sistema
Ganho extra levou jornalista ao MMN

O Brasil é o 6º país do mundo em venda direta, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD). Várias empresas consolidadas no país utilizam o marketing multinível para a venda de seus produtos, como Avon, Natura, Herbalife e Amway.

O problema é quando o indivíduo ingressa, sem saber, em um esquema fraudulento de pirâmide financeira que foi vendido como marketing multinível.

Nem sempre ele consegue identificar as diferenças entre um e outro e acaba envolvendo familiares e amigos em um negócio insustentável onde o prejuízo financeiro será o resultado final.

O especialista Roberto Portela ressalta que a grande culpada é a legislação brasileira. “Muitas empresas aplicam golpes no mercado e continuam na praça, patrocinando a prática ilegal de abordagem dos membros, focada no investimento e não no consumo. Nem todo multinível é sem investimento, mas toda pirâmide é por meio dele”, avisa.

Segundo Ricardo Lima, no Brasil o marketing multinível ficou associado ao esquema de pirâmide: “de fato, é uma pirâmide, mas não uma pirâmide financeira. No PCI, por exemplo, não precisa pagar para participar e sim consumir produtos do dia a dia, como alimentos, cosméticos e farmacológicos. Ao invés de comprar no supermercado e não ter nenhum retorno, compro pelo site e ganho uma porcentagem por quem eu indico”, destaca.

Para evitar golpes, a fisioterapeuta Mariana Botelho dá duas dicas: tirar todas as dúvidas com um especialista no assunto e verificar se existem produtos para serem comercializados.

Ela conheceu o marketing multinível a 11 atrás, mas a empreitada não deu muito certo e ela acabou desistindo. Hoje, de volta ao ramo, ela considera o MMN a forma de negócio mais inteligente que existe. “É melhor 1% do esforço de 100 pessoas, do que 100% do esforço de 1 única pessoa”, afirma.

Botelho também lembra que o negócio exige persistência, pois os resultados são de médio a longo prazos, de 2 a 5 anos.

“Claro que existem exceções e alguns chegam na casa dos cinco dígitos em poucos meses. É uma questão de entrar de cabeça, entender e dominar o negócio e acelerar o processo”, acredita a fisioterapeuta.

mariana se identifica com o mkt multnível
Mariana: “a informação é o melhor modo de evitar golpe”

Cartilha

Antes de ingressar em qualquer marketing de rede, pesquise sobre o assunto. O Ministério Público e a CVM disponibilizam uma cartilha sobre Proteção ao Consumidor e ao Investidor contra Pirâmides Financeiras. O material está disponível aqui.

 

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