Na manhã deste sábado (17), um grupo de pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Samarco/Vale/BHP Billinton, ocupou parte dos trilhos da ferrovia da Vale, em Pedra Corrida, distrito de Periquito. Elas protestaram contra a não reparação dos danos provocados pelos rejeitos de minérios despejados no rio Doce.
No pequeno distrito de Pedra Corrida vivem milhares de atingidos, ribeirinhos, pescadores, agricultores, lavadeiras, comerciantes e outros, que ainda convivem com os danos sociais, ambientais e econômicos, dois anos e quatro meses após a ocorrência do maior crime socioambiental do Brasil.
“Ainda existem pescadores que não tiveram seus direitos reconhecidos, as propostas de indenizações são injustas e foram definidas a partir de uma matriz de danos imposta pela Renova, em um processo sem transparência e sem participação dos atingidos. A população recebe em casa água do rio Doce, à qual não confia, pois muitas vezes apresenta cheira e sabor ruim. Além disso, em períodos chuvosos não é incomum sair água barrenta das torneiras. Queremos chamar atenção para essa água, pois vamos tratar desse assunto no FAMA (Fórum Alternativo Mundial da Água), que está acontecendo em Brasília, e vamos participar para denunciar que a água de qualidade é um direito e estamos sendo privados dele”, afirma uma moradora local, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Os atingidos querem o reconhecimento dos direitos, indenizações justas, reconstrução de matriz de danos com a participação dos atingidos, construção de um sistema de captação de água alternativo ao rio Doce, a partir do rio Corrente, e o financiamento de uma pesquisa sobre contaminação da população por metais, que deverá ser realizada por entidade independente, escolhida pela comunidade. O tema da saúde preocupa os moradores, já que é comum queixas de problemas de pele, queda de cabelo e dores no estômago.