A Prefeitura de Governador Valadares investiu, o ano passado, apenas R$ 103,7 milhões na saúde. O valor representa menos de 8% do total de R$ 1,3 bilhão da receita arrecadada em 2022. Os dados são do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG).
Por outro lado, gastou R$ 184,3 milhões em pagamentos de salários de servidores contratados para atender, também, a indicações de vereadores e outros aliados políticos do governo André Merlo (sem partido). A diferença é de mais de R$ 80 milhões.
Desde que assumiu, em 2017, até o ano de 2022, o prefeito gastou com o setor de saúde aproximadamente R$ 493,3 milhões, ou cerca de R$ 82,2 milhões ao ano. Parece ser muito, mas não quando comparado com o vizinho município de Ipatinga, que tem número de habitantes próximo ao de Valadares.
Nesses mesmos seis anos, a administração ipatinguense investiu 60% a mais que Valadares: R$ 823,8 milhões, ou R$ 137 milhões ano.
Críticas
Embora desde 2017 o atual governo venha aplicando na saúde um percentual acima do limite mínimo de 15% estabelecido pela Constituição Federal, os gastos têm sido insuficientes para suprir a demanda da cidade.
Não é à toa que em todas as regiões do município há reclamações da falta de insumos, de medicamentos, de longas esperas por atendimento, inchaço da máquina pública e outras. A baixa qualidade do serviço prestado é percebida não só no Hospital Municipal, mas em quase todos os postos de saúde.
As críticas vêm de usuários e também de servidores públicos e a falta de resolutividade por parte da administração chegou ao ponto de um médico do Hospital Municipal registrar um BO (boletim de ocorrência), no início deste mês, denunciando a falta de insumos.
Orçamento bilionário
Enquanto o caos na saúde impõe que os recursos sejam aumentados para prestar um atendimento digno ao cidadão que precisa do SUS, o orçamento bilionário de Valadares mostra que é possível, sim, investir mais na saúde: são R$ 2 bilhões e 33 milhões previstos para esse ano.
Já em Ipatinga, a proposta orçamentária aprovada também para o ano de 2023 é de R$ 1 bilhão e 550 milhões, um pouco acima do valor do ano passado, de R$ 1.210.459.000. A diferença nos valores dos orçamentos das duas cidades é considerável: quase meio bilhão a favor de Valadares.
No entanto, o município do Vale do Aço gasta bem menos com a folha de pagamento, cerca de 46,6%, enquanto em Valadares o percentual médio da atual gestão é de 51,3%.
Recursos
Para o ano de 2023, está previsto que a pasta da Saúde em Valadares será a que receberá a maior parte dos recursos do orçamento municipal, cerca de R$ 650 milhões.
O valor é quase seis vezes o que Valadares aplicou no ano passado, quando a saúde consumiu R$ 103,7 milhões, menos de um terço dos R$ 360 milhões anunciados pelo governo para o setor.
Resta saber se esse ano a saúde será priorizada pela atual gestão.