Um crime macabro, com roteiro de fazer inveja a renomados diretores de filmes de terror, foi descoberto pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (17), no bairro Jardim Atalaia, em Governador Valadares.
Um homem identificado por Daniel de Jesus, 35, teria matado a própria esposa e enterrado o corpo dela na área de serviço da casa onde continuou morando com os filhos e uma sobrinha da mulher, de 17 anos, com quem ele pode ter tido um filho.
A adolescente e um irmão do suspeito também foram autuados por ajudarem a ocultar o cadáver da vítima.
Segundo a delegada Lilian de Cales, da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Vida (DCCV), o pai e o irmão de Michele Rosa de Jesus, 36, procuraram a Polícia Civil para representar pelo desaparecimento dela, que não era vista pela família desde o início de agosto.
Iniciadas as investigações, a polícia notou que aquele que, supostamente, seria o maior interessado em encontrar Michele, seu marido, não havia acionado a polícia.
A Polícia Civil apresentou um pedido de mandado de busca e apreensão na residência do casal, o que foi expedido pela Justiça.
A DCCV montou uma operação na manhã desta quinta e foi até a casa, onde Daniel estava morando com os quatro filhos do casal, mais uma sobrinha de Michele, de 17 anos, e uma bebê de um ano.
A polícia realizou buscas na casa, localizada na rua Joaquina de Miranda Pontes, 138, bairro Atalaia, e o suspeito negou que tivesse conhecimento do paradeiro da mulher.
No entanto, segundo a delegada, os policiais mostraram elementos que o deixaram sem saída e o fizeram confessar a morte de Michele.
Enterrada na área de serviço
Daniel apontou o local onde escondeu o corpo da mulher, na área de serviço, ao lado da cozinha do imóvel.
Os policiais cavaram o local, que já estava cimentado e com cerâmica, e encontrou o corpo de Michele envolto em uma lona. “É um crime macabro, incomum. Mas não tínhamos dúvidas sobre a autoria”, declarou a delegada.
Os filhos de Michele e do suspeito confirmaram à polícia que ela estava desaparecida desde o início de agosto.
Algumas informações passadas pelas crianças, segundo a delegada Lilian Cales, foram sem que elas soubessem da morte da mãe. Mal sabiam que estavam vivendo no local onde ela estava enterrada.
Daniel confessou à polícia que matou Michele por esganadura, depois de uma discussão. Ele alega que, para se defender, a esganou e, no dia seguinte, enterrou o corpo na área de serviço de causa.
Entretanto, conforme a delegada, a causa da morte será detectada no exame do corpo no IML.
O possível motivo do crime também choca. Nas investigações do DCCV, descobriu-se que Daniel teria tido um caso com a sobrinha de Michele, de 17 anos, que vivia com ela desde pequena.
A adolescente engravidou e existe a suspeita de que Daniel seja o pai. Isso deverá ser confirmado com exames.
O caso passou a ser motivo de brigas constantes entre o casal, o que pode ter acontecido no dia em que Michele foi assassinada.
“Estamos ainda fazendo investigações para ver se não houve participação de outras pessoas tanto na execução quando na ocultação”, afirmou a delegada.
Facebook era usado para que vítima parecesse viva
Outro fato que torna o crime ainda mais macabro, é o fato de que Daniel e a sobrinha de Michele usavam o Facebook dela para fazer parecer que ela ainda estivesse viva, trabalhando no Rio de Janeiro.
Até contatos com a família da vítima teriam sido feitos como se fosse ela.
No dia 21 de setembro, foi feita uma postagem com uma foto de Michele e os dizeres “Mais uma semana de serviço cansativo cumprida agora e descansa e aproveitar porque também sou filha de deus” (SIC).
No dia seguinte, outra postagem, desta vez, com fotos dos filhos da vítima e os dizeres: “Saudades dos meus amores amo muito eles” (SIC).
Daniel também chegou a utilizar uma carta antiga de Michele para tentar tranquilizar as crianças com relação ao desaparecimento da mãe.
A família dela, porém, desmascarou a farsa pois a carta foi escrita por ela há um tempo, quando ela desejou sair de casa.
Daniel foi preso em flagrante pela ocultação do cadáver de Michele e a delegada informou que foi pedida a prisão preventiva dele com base nas provas do crime de feminicídio.
A adolescente e um irmão dele, de 27 anos, também foram detidos e autuados em flagrante por auxiliarem na ocultação do corpo da vítima.
Ambos continuarão sendo investigados para que se descubra se eles ajudaram a matar a vítima e também podem ser incluídos no crime de feminicídio.
