O corredor exclusivo para ônibus na rua Marechal Floriano, em Governador Valadares, foi suspenso na última sexta-feira (3), por tempo indeterminado. Desde então, as placas de ‘proibido estacionar’ colocadas ao longo da via começaram a dar lugar à sinalização do estacionamento zona azul.
O prefeito André Luiz Merlo (PSDB) explicou que o adiamento se deve à pandemia e seus reflexos no comércio. Também justificou que voltou atrás em sua decisão para “comerciantes e usuários não serem prejudicados até que os ajustes sejam feitos e o sistema possa ser implantado em sua integralidade”.
No entanto, em fevereiro deste ano, lojistas situados nas duas ruas (Marechal e Bárbara Heliodora), que já vinham criticando a faixa exclusiva, organizaram um abaixo-assinado em repúdio ao corredor de ônibus.
O documento levou a assinatura de 506 comerciantes e foi entregue à Câmara de Vereadores com um pedido para que parlamentares convencessem o prefeito a colocar um fim no corredor.
Eles reclamavam que a implantação do sistema havia diminuído o fluxo de pessoas nas portas das lojas, provocando queda nas vendas. Afirmavam ainda que a alta velocidade dos ônibus da Mobi, ora levantava poeira, ora jogava água empoçada nas ruas para dentro dos comércios.
Agora, com a suspensão do sistema que faz parte do Plano Municipal de Mobilidade Urbana, a situação dos lojistas da rua Marechal Floriano está resolvida.
Para a vereadora Rosemary Mafra (PSB), a revolta dos comerciantes tem fundamento: “o corredor foi implantado sem um estudo prévio para adequar o sistema à rotina da cidade, de forma a não atrapalhar nem o empresário, nem o usuário do transporte, nem os demais cidadãos”, disse.
Ela acrescenta ainda que “o governo demonstra mais uma vez que gastar dinheiro sem prioridade é a sua especialidade. Gastou mais de R$ 1 milhão com um aplicativo que não colocou em prática, gastou com o corredor e agora está desfazendo. A população não merece tanta irresponsabilidade”, comenta.
Já o vereador Coronel Wagner (PRTB), um dos maiores críticos da faixa exclusiva desde o início, ressalta que a cidade não tem infraestrutura adequada para suportar um corredor de ônibus.
“Colocaram a empresa de ônibus em primeiro lugar, em detrimento de toda uma cidade que tem como característica principal o comércio. Tanto é que vários locais de estacionamento foram retirados e agora voltaram, porque estão vendo que fizeram o troço errado”, argumenta.
Na opinião do parlamentar, faltou fazer um estudo prévio e uma consulta pública para ver se a população aprovava a implantação do sistema. “Isso tá errado e nunca vai dar certo, e se gastou dinheiro, quem gastou tem que ser responsabilizado por ter feito uma coisa tão ruim para a população”, enfatiza.
O presidente da Associação Comercial (ACEGV), Jackson Lemos, reforça que a entidade tem escutado todas as alternativas que favoreçam a retomada do comércio, uma vez que “grande parte da nossa economia provém deste setor”.
O dirigente disse ainda que o pedido de suspensão do corredor de ônibus foi levado ao governo pelas entidades de classe “que estão trabalhando para frear os impactos provocados pelo isolamento social” e agradeceu a prefeitura por ter acatado a reivindicação.
A concessionária Mobi foi procurada para comentar o assunto, mas até a publicação desta matéria não deu nenhum retorno.
Corredor
O sistema começou a valer na cidade em agosto do ano passado, primeiro na rua Bárbara Heliodora e em parte da Euclides Cunha e Arthur Bernardes, no Centro.
Em dezembro, a faixa exclusiva avançou para a rua Marechal Floriano, a partir da Praça Aurita Machado (Mulher da Boca Aberta) até a rua Rio de Janeiro, no Lourdes.
O corredor de ônibus é a principal novidade do Plano Municipal de Mobilidade Urbana apresentado pelo governo em 2018. No entanto, desde seu lançamento vem recebendo uma infinidade de críticas por parte de motoristas, ciclistas, lojistas, vereadores.
Devido a suspensão do corredor de ônibus, algumas linhas foram alteradas desde ontem (6). Confira abaixo as mudanças:
A empresa Mobi retornou com as linhas de ônibus 04 – Azteca/Centro (via Atalaia); 06- Atalaia/Esperança (via Vale do Sol); 07 – Elvamar/Centro (via Parque Natural); 14 – Conquista/Centro (via Alto Vera Cruz, IFMG); 15 – Vila Mariana/Vila Império (via Ilha, Vila Rica); 17-Morada do Vale/Penha (Vila Castanheiras); 23 A – Planalto/Centro (via Turmalina) e 23 B – Turmalina/Centro (Vila Planalto).
Além disso, as linhas 3 C – Turmalina/Alto Vera Cruz (via Parque Ibituruna); 47 -Azteca via Vera Cruz/ Morada do Vale via Esperança, e 67 -Atalaia via Vale do Sol / Penha via Castanheiras – Parque Olímpico deixam de existir. Apesar da eliminação das três últimas linhas, os usuários de ônibus não serão prejudicados, segundo garantiu a prefeitura.
O retorno das antigas linhas foi realizado em atendimento a reivindicação da população. Além disso, as linhas que deixaram de existir, segundo estudos da concessionária, possuíam baixa demanda de usuários que serão absorvidos por outras linhas.
Quanto à CPI da Valadarense ninguém diz nada?
Qual foi o gênio que avaliou a necessidade de corredor de ônibus em Valadares. Não demora muito vão pensar que a cidade já precisa de um metrô.
Passou da hora desse privilégio a essa empresa em desfavor de toda a população ter acabado. Isso simplesmente é uma vergonha. Infelizmente essa empresa sempre colocou todo o Governo no bolso dela. É lamentavel.