Sem diálogo, discussão, ou qualquer outro tipo de comunicação com nove famílias que vivem há mais de 20 anos numa área vizinha ao Parque Municipal Figueira do Rio Doce, na parte alta do bairro Morada do Acampamento, a prefeitura de Governador Valadares decidiu construir um muro e impedir que os moradores cheguem às suas casas pela via principal de acesso ao parque.
O problema, porém, é que o governo não apresentou nenhuma outra alternativa para os moradores. Quem tem veículo, por exemplo, terá que deixá-lo nas ruas em volta do parque, pois só será possível chegar em casa a pé. Mesmo assim, depois de se aventurar em um tipo de escadaria improvisada de pedras.
A subida não é para qualquer um e oferece risco para idosos, crianças ou pessoas com mobilidade reduzida. Além disso, as famílias ficarão privados do atendimento de urgência do Samu ou bombeiros, caso necessitem.
“Um funcionário da Semov (secretaria de obras) chegou aqui hoje de manhã e simplesmente avisou: vamos murar aqui na entrada da sua casa”, conta o dono de um imóvel que preferiu não se identificar.
Primeiro morador do local, ele está lá há 24 anos, sem nunca, segundo afirmou, sofrer ameaça em seu “direito de ir e vir”. Além de documentos que comprovam a doação do terreno pelo município, um decreto assinado em 2003, pelo então prefeito João Domingos Fassarella, assegura à família dele o acesso pela mesma via que leva ao Parque Municipal Figueira do Rio Doce.
“Sempre ajudamos a preservar a área do parque e nunca antes fomos incomodados por nenhum secretário ou prefeito”, diz o morador que votou no atual prefeito André Merlo nas últimas eleições.
O filho dele, Evandro Carvalho, que tem uma casa no mesmo terreno, adiantou que vai acionar a justiça para impedir a construção do muro.
O outro lado
Procurada pela reportagem do O Olhar para comentar o assunto, a prefeitura de Governador Valadares não deu retorno até a publicação desta matéria.
