A Prefeitura de Governador Valadares pode ter bancado os custos com gasolina e álcool para parte dos veículos que participaram da carreata do candidato José Bonifácio Mourão (PSDB), que disputou a reeleição para deputado estadual, mas foi derrotado nas urnas.
É o que mostram 71 notas de abastecimento de combustíveis, a prazo, datadas de 4/10/2018, aprendidas na sexta-feira (5) por agentes do Ministério Público Eleitoral (MPE) em um posto localizado na Avenida Itália, no bairro Grã-Duquesa.
Isso porque, segundo apurou o MPE, as notas estão em nome do secretário Municipal de Administração, Marcos Antônio Sampaio, e o posto é o mesmo que mantém contrato com o município para fornecimento de combustíveis para a frota de veículos.
O gerente do estabelecimento, Bruno Braga da Rocha, confirmou aos agentes do MPE que todas as notas apreendidas eram de abastecimento de veículos que “participariam da carreata do candidato a deputado Mourão e que o responsável pelo pagamento seria Marcos Antônio Dias Sampaio (secretário de Administração)”.
A Expedição do mandado judicial atendeu ao requerimento do promotor eleitoral Evandro Ventura da Silva, que recebeu denúncia de que veículos que participaram de uma carreata de candidato a deputado federal teriam abastecido gratuitamente no posto de combustíveis no Grã-Duquesa.
As buscas e apreensões foram acompanhadas pela filha do proprietário do posto, Mariana Coelho Torres. Foi ela quem informou sobre o contrato entre a empresa e a prefeitura, assinado pelo secretário de Administração Marcos Sampaio. O secretário também esteve no local durante as diligências.
De acordo como gerente Bruno Rocha, no computador da empresa haviam arquivos relacionados a contratos com outros candidatos à eleição, que também realizam abastecimentos no posto. Foram apreendidos o CPU do computado, o contrato firmado entre a prefeitura e a empresa e diversos outros documentos, dois aparelhos de telefonia móvel, sendo um do posto e o outro do gerente, além das notas de abastecimentos.
A Promotoria Eleitoral em Valadares informou que todo o material foi encaminhado para a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), em Belo Horizonte.
O Olhar tentou contato por telefone e por mensagem com a assessoria do deputado estadual Mourão, mas até a publicação dessa matéria não houve retorno. A prefeitura de Valadares também foi procurada, mas não quis comentar o assunto.