Moradores do município de Mendes Pimentel, a 87 quilômetros de Governador Valadares, estão vivendo uma situação que já seria absurda em “tempos normais”, mas que, no calor que assola a região, acaba deixando a população à beira do caos.
A Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais S/A (Copanor), empresa que cuida do abastecimento de água da cidade, segundo os próprios moradores, está deixando grande parte da cidade sem água.
E o pior: a empresa não cumpriu a decisão do juiz David Miranda Barroso que, no último dia 13, deu prazo de 48 horas para resolver o problema e garantir “o abastecimento contínuo, integral, adequado, eficiente e ininterrupto de água tratada e potável no Município de Mendes Pimentel-MG”. O prazo venceu na quarta-feira (15).
Entretanto, até a publicação desta matéria, a Copanor ainda não havia contornado a situação e o abastecimento continuava inconstante, segundo moradores do município. O Olhar tentou contato com a empresa, mas não obteve resposta.
Enquanto isso, a população continua sendo castigada pela falta de água. Em algumas casas, ela tem até chegado, mas suja.
A professora Cecília Aparecida do Carmo, 45, mora na região central da cidade, e disse que desde que a Copanor assumiu o abastecimento de água em Mendes Pimentel, os moradores têm sofrido com a baixa qualidade tanto do tratamento quando do próprio abastecimento em si.
“Sempre tem uma desculpa. Quebrou uma máquina, outra que não chegou, estouraram canos, falta de mão de obra qualificada. Eu moro na área central e já aconteceu de ficar duas semanas sem água”, disse ela, explicando que, quando isso acontece, tem que buscar galões com água em sítios de amigos.
O filho da professora, segundo ela, mora em uma área mais alta da cidade e já ficou quase 30 dias sem água. Ela ainda comenta que a sobrecarga de trabalho dos poucos funcionários da Copanor também acaba prejudicando todo o trabalho.
“Este ano, chegamos ao limite da falta de água. E, quando ela chega, não sobe até a caixa e o cheiro é bem ruim”, afirmou.
O vereador Edson Onésimo da Silva (PDT), disse que, com a falta d’água, a solução é comprar água mineral, para os que podem, ou buscar água no ribeirão que passa pela cidade, o que não é recomendável mas acaba sendo a opção para quem não tem condições de gastar.
A situação em Mendes Pimentel, segundo o vereador, está complicada há alguns anos. “A gente está vendo que é fácil ser resolvido. Quando a situação aperta para o lado da Copanor, eles colocam água por três ou quatro dias e daí a pouco não vem mais”, disse.
Edson relatou também que os bairros mais altos da cidade vivem faltando água e afirmou que a Copanor não cumpriu nada do que deveria fazer em Mendes Pimentel. Segundo ele, a água não está chegando nas casas e, quando chega, “é barro puro”.
Improviso para abastecer hospital
A situação da falta de água parece atingir de maneira mais dramática a Fundação Hospitalar Mendes Pimentel. A direção do hospital acaba tendo que improvisar para não prejudicar os pacientes e até mesmo as cirurgias.
De acordo com o diretor presidente Edson Rodrigues de Jesus, há mais de quatro anos a cidade vem passando pelo desabastecimento de água, o que piora no período de estiagem.
“As partes altas sofrem mais com isso mas, não é por isso que o hospital não recebe água. Ele está localizado na parte baixa e a água não chega por falta de qualidade no serviço da Copanor. E todo atendimento hospitalar acaba comprometido pela necessidade da higienização adequada, pela necessidade da esterilização dos materiais. Se fôssemos depender dos serviços da Copanor, teríamos que cancelar até cirurgias”, lamentou.
Segundo Edson, o próprio hospital, com a ajuda do município, buscam meios para sanar o problema da falta d’água. Foi colocada uma caixa de 2 mil litros na parte de baixo e a água é bombeada para as caixas de cima.
O diretor disse ainda que em agosto, chegaram a fazer uma força tarefa no município, buscando água onde tinha, colocando em caminhões pipa para bombear para os reservatórios do prédio. “Se não fossem essas medidas, o serviço estaria afetado. Sem água, corremos o risco até de fechar o hospital”, explicou.
Hoje, a Fundação Hospitalar Mendes Pimentel está funcionando de forma improvisada. Na tarde desta quinta-feira (16), por volta de 16h, a água do hospital acabou novamente.
Segundo o diretor, o que ainda tem de água está na caixa de 2 mil litros, que será bombeada para as caixas de cima. Ele disse que espera que a água caia durante a madrugada.
O Olhar também entrou em contato com o prefeito do município, Paulo Antônio de Souza (PDT), o Dr. Paulo, mas até o fechamento desta matéria ele não havia encaminhado nenhum posicionamento.