Motorista valadarense terá que pagar R$ 60 em pedágios de ida para BH

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Motorista valadarense terá que pagar R$ 60 em pedágios de ida para BH
Foto: Shutterstock

A permanecer o projeto de concessão de 304 km da BR-381, com a duplicação do trecho que vai de Belo Horizonte a Belo Oriente, no Vale do Aço, motoristas valadarenses com destino à capital mineira terão como companhia cinco praças de pedágios e terão que desembolsar nada menos que R$ 60,75 para fazer todo o percurso apenas de ida.

Conforme projeto apresentado na última quarta-feira (3), na audiência pública promovida pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), a concessão compreende o trecho entre BH e Governador Valadares, mas a duplicação termina em Belo Oriente, a cerca de 90 km de distância do principal município do Vale do Rio Doce.

Ainda assim, a primeira praça de cobrança (sentido GV a BH) será instalada em Valadares (na divisa com Periquito) e a próxima em Belo Oriente. Ou seja, antes mesmo de alcançar a rodovia duplicada, o motorista já terá pago dois pedágios: R$ 11,24 na saída de Valadares e R$ 10,79 ao chegar em Belo Oriente.

Motorista valadarense terá que pagar R$ 60 em pedágios de ida para BH
Pedágios previstos para BR-381

A próxima praça, no valor de R$ 13,40, estará instalada em Jaquaraçu (próximo a Nova Era), a seguinte em João Monlevade, a R$ 11,52 e, por último, em Caeté, com o pedágio mais caro, de R$ 13,80. O pedágio para percurso de ida e volta a Belo Horizonte, em carro de passeio, custará R$ 121,50.

A cobrança poderá se iniciar ainda em 2023, após a assinatura do contrato programada para o início do ano que vem, já que o leilão para conceder a rodovia para a iniciativa privada deverá ocorrer entre os meses de outubro a dezembro de 2022. Se tudo der certo, serão no mínimo 10 anos de pagamentos de pedágios antes da conclusão das obras.

Já a duplicação do trecho entre Belo Oriente e Valadares está prevista para acontecer somente por volta de 2040.

Valor em outorga

O trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares deverá ser a primeira concessão de rodovia federal cujo modelo prevê como vencedor da licitação a empresa que devolver ao governo federal o maior valor em outorga, ou seja, um pagamento pelo direito de exploração da estrada. Esse modelo eleva a cobrança de pedágio.

Até antes do governo Bolsonaro, licitações de rodovias federais eram decididas para a companhia que oferecesse o menor valor de pedágio aos motoristas. Por conta disso, temos rodovias, como a Fernão Dias/MG, por exemplo, com pedágios de R$ 2,70 para veículos de passeio, sendo que os valores foram atualizados no final de junho deste ano.

“Duplicação criminosa”

O pesquisador Leonardo Patrick, 25, morador de Ipatinga, foi um dos primeiros a  manifestar, nas redes sociais, sobre a audiência que tratou da concessão da BR-381, denominando a proposta de “criminosa”.

Ele disse que  acompanha, desde o início, as discussões que envolvem o processo de concessão e duplicação da rodovia. Na quarta, Leonardo Patrick assistiu à sessão pública e não poupou críticas ao formato de concessão da ANTT.

“Mais uma vez esse governo [Bolsonaro] demonstra o descaso, a falta de consideração e de respeito com o Vale do Aço, com o Leste de Minas. O que eles chamam de nova proposta, agora não prevê a duplicação do trecho entre Belo Oriente e Governador Valadares, apenas a inclusão de faixas adicionais”, apontou.

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Leonardo Patrick critica proposta de concessão da BR-381. Imagem: Reprodução

Patrick, que vai disputar pela primeira vez uma cadeira na Assembleia Legislativa, também fez várias postagens censurando a intenção do governo federal de instalar, de forma imediata, cinco praças no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, e iniciar a  cobrança do pedágio antes mesmo da entrega da obra.

Ele ressaltou, ainda, que a nova proposta desconsidera trechos já duplicados, como a região metropolitana do Vale do Aço, o trecho urbano de Ipatinga e o trecho de Belo Oriente, próximo à Cenibra. “Portanto, essa proposta não contempla o vales do Aço e Rio Doce, e vai prejudicar demais o desenvolvimento da nossa região”, observou.

O que dizem os deputados federais de Valadares

O deputado Hercílio Coelho Diniz (MDB) foi o único parlamentar de Governador Valadares a participar presencialmente da audiência pública. Durante sua fala, ele sugeriu alterações específicas e pontuais a respeito do novo trecho da concessão e solicitou a duplicação de Belo Oriente até Valadares.

Na audiência, o deputado pediu ainda que a intervenção fosse até São Vitor, distrito de Valadares, e não apenas até o entroncamento da BR-116, próximo a Periquito, como prevê o projeto.

Hercílio Diniz afirmou que defende que o pedágio seja cobrado só ao final das obras e garantiu que como vice-presidente da Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados, vai acompanhar de perto o projeto, além de protocolar requerimento com várias solicitações junto à ANTT.

Já o deputado Leonardo Monteiro (PT) comentou, nas redes sociais: “quando o governo federal realiza a concessão promovendo cinco praças de pedágio entre Belo Horizonte e Valadares, com a duplicação chegando até Belo Oriente, e, de Ipatinga a Valadares, mais duas praças, isso demonstra que o governo Bolsonaro não gosta de Minas Gerais, sobretudo não gosta do Leste de Minas, nem dos vales do Aço e Rio Doce”.

Ele completou dizendo que “isso é sangrar o povo de Minas Gerais, é sangrar a população dos vales do Aço e Rio Doce. Vamos lutar para reverter esse processo inadequado e inoportuno, apresentado próximo das eleições, com o Bolsonaro sobrecarregando nossa população de Valadares, do Vale do Aço e de Minas”, finalizou.

O deputado Euclydes Pettersen (PSC) também foi procurado para comentar a nova proposta de concessão da BR-381 e assim que enviar resposta atualizaremos essa matéria.

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