Uma primeira dama inventada

0
223
uma primeira dama inventada
Imagem: Divulgação/Internet

Caro leitor, por vezes o escritor fica procurando um personagem! Alguém que seja original e chame sua atenção! Não adianta ser uma pessoa banal, com uma rotina monótona, senão você não passa do primeiro parágrafo!

Sentado aqui, em frente a tela branca, escolhi uma personagem que jamais será banal: uma primeira dama. Não leitor, nada de biográfico. Eu faço ficção!  Seria uma hipotética primeira dama. Uma mulher que tenha vizinhança com o poder. Ouve segredos, presencia discussões, vê um ministro bêbado falando gracinhas para uma ministra, ouve o general peidando, sabe que o presidente odeia aquele ministro, mas tem que aguentar, porque ele controla votos de uma bancada específica… Enfim, um personagem rico!

A maioria de nossas primeiras damas foram discretas e quase invisíveis. Ficaram à sombra de seus maridos e, quando muito, envolvidas com filantropia. Mas tiveram primeiras damas interessantes. Meio rebeldes, mais bonitas que a média, intelectuais…Ou autoritárias, como a mulher do Dutra.

Teve a Nair de Tefé, uma figura extraordinária! À frente do seu tempo, cantora, atriz, pintora… É considerada a primeira cartunista mulher do mundo… Só não dá pra entender o que ela viu no Marechal Hermes!

Teve também a D. Ruth, esposa do FHC, intelectual muito respeitada e que, às vezes, eclipsava o marido no mundo acadêmico e até no político.

Ah! E a Tereza Goulart? Ela, com sua beleza e classe, fascinava a imprensa naqueles anos 60 e foi companheira de todas as horas durante o covarde golpe que o marido sofreu. Algumas foram rebeldes, como a do Collor… Outra foi recatada… Já a esposa do Dutra mandava nele e se tornou uma lenda no palácio do Catete…

Cada uma, ao seu modo, dariam ótimas personagens.

Mas o cronista precisa de ser corajoso! Por que não inventar uma primeira dama?

Ah! Uma mulher diferente!

Vamos imaginar… a primeira dama seria a esposa de um líder ridículo, personagem de comédia da tarde…

Ela seria bonita? Sim, bonita de preferência e que causasse suspiros por onde passasse, mas todos perguntariam: por que se casou com aquele imbecil?

Mas atente leitor! Ela é linda… Mas não é flor que se cheire! Dissimulada, sedutora e interesseira. Aproveita-se da parvalhice do marido para indicar ministros e até membros do STF.

Ela tem um perfil místico. Usa a religião com habilidade incrível. Poderia até ser uma sacerdote de sua seita…. Ela acaba se conectando com vários membros do governo e os controlam, sem o seu marido sequer imaginar essa possibilidade. Ele é grosseiro, machista e um pouco misógino… mas, como é muito mais velho que nossa personagem, ele não a domina, ao contrário! Ela manda nele totalmente e se diverte com suas bravatas. O idiota tem coragem de falar em discursos que sua ereção é perene; um palhaço priápico! Ela ouve, faz cara de safadinha, mas ri por dentro e sabe que a realidade é bem mais flácida…

Nossa primeira dama gosta de dinheiro, de cheques, cartões corporativos, vestidos de grife e glamour… Mas não deixa de citar o livro sagrado com uma habilidade invejável. Suas fãs, todas fiéis da mesma seita, sonham um dia poder estar ali, naquela posição de destaque… Têm uma inveja daquela mulher poderosa e a idealizam, minimizando os defeitos do palhaço de faixa.

Mas como terminaria a crônica? Talvez desse até pra virar um conto…

A primeira dama se cansa de ficar por trás do seu marido medíocre e dá um golpe? Ou então ela foge com o personal trainer para um paraíso fiscal, deixando o marido ridículo sozinho e sem chances de se perpetuar no poder?

Ah… Não sei se os leitores iriam acreditar numa personagem tão sinistra…

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

2 × dois =