A vida é um mistério, tanto aqui como logo ali na frente, já nos meus tantos anos que esqueço de contar. Planejamos tudo, anotamos na agenda, senhas e reuniões, mas nada passa de um esquecimento. A vida acontece.
Ouvindo a antiga música Garotos, de Leoni, sim já é vintage, pois vinda da mágica década de 80, do século que se passou, percebo o quanto ela espelha muito bem a essência masculina: a não compreensão do feminino.
E é um mistério divino.
Em uma sociedade marcada pela misoginia, opressão às mulheres, e toda uma desordem machista, chegou o momento de ser revelada a verdade: o sexo forte é o feminino.
Você que tem uma preferência pelo caminho obscuro, pelos cantos destros, deve estar nesse momento revirando no texto, e na alma. Mulheres choram, homens não. Grande mentira esta última.
Mas está aí uma outra grande verdade. A lágrima, feminina, é símbolo de força, resistência, um refrigério para alma, também feminina. Descer o choro é um ato de coragem, feminina também. Olhos em condensação significam tanto alegria como tristeza, mas revelam o mais puro sentimento, vindo do coração. A emoção, feminina, é humana, demasiadamente humana. Simplesmente, humana.
As mulheres são fortes, mães, profissionais, namoradas, estudantes, amiga, rainha. A essência feminina consegue desempenhar diversas funções sem propiciar o caos, espalhando sorrisos e correções por onde passa. Eu não consigo escrever e olhar o relógio. Olhar o feminino e desenvolver um raciocínio. Fico besta no primeiro. O segundo eu esqueço. Tremi enquanto escrevia este. Não conte a ninguém, eis o meu machismo pueril.
E numa grandeza inversamente proporcional, a história da humanidade mostra como elas são perseguidas e oprimidas. Isto é o segredo por trás da violência cometida: não é necessário controlar algo que é frágil. O medo faz impedir uma força de vir a ser, ato e potência aristotélica. O feminino não pode se revelar, pois, o masculino receia a grandeza desse empoderamento. As mulheres já reinam desde Eva, o que diga Adão, renunciador do Paraíso. Dizer que o feminino tem poder é como dizer que o fogo queima, a água molha, o amor constrói. Não tenho dúvida, esta que é feminina também.
Então me rendo a esse poder divino. Sim, o mistério da vida é o mistério feminino. A vida vem dela, a música, a poesia, a delicadeza. Deus não é um senhor sentado em um trono. É uma mulher cuidando e resistindo ao tempo. Soberana de nossas jornadas e acolhedora de todas as dores.
Em infinitas possibilidades, feminino em permanência. A fertilidade, a paciência, a cura. Sou apenas um espectador do milagre da vida, mãe natureza, feminino insistente.
Se ainda não se convenceu, não sou eu a dizer essa verdade estampada na existência. Mas, reflita um pouco se não é correta essa descoberta. É possível que os homens entendam. As mulheres sabem. Escrevo tanto para talvez fazer entender. Mas ao mistério feminino basta o sorriso. E o mundo se descortina.
Quem é, afinal, o sexo forte?
Mistério feminino.