Apresento a vocês, leitores e leitoras, meu primeiro romance que será em breve publicado. Foram alguns anos de escrita, de história e, também, poesia. Em Aurora, conto a história de Isabela, mulher nascida em Céu Pequeno, cidade do interior de Minas Gerais. Foi estudar Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1964. Ao chegar lá, com todas as dificuldades próprias aos estudantes, Isabela tenta um emprego que lhe permita estudar. Consegue com Sra. Salarz, a chefe da biblioteca, a ocupação de bibliotecária. Amante de literatura e apaixonada por Política, Isabela era ainda ativista, feminista e comunista em uma época dura para o país – golpe militar de 1964 impôs ao Brasil uma ditadura de vinte anos. Isabela era tenaz, voraz, extremamente sensual e uma beleza única, singular, digna de ser fotografada ao entardecer na praia. Mas a Senadora, como também é conhecida, era cuidadosa com seus sentimentos e detentora de uma invejável razão. Anotava, planejava e organizava toda sua vida com maestria e inteligência. Discursos impetuosos, vorazes e corajosos, combinado a uma voz rouca que soava como música, delineava a grandeza e beleza de Isabela. Aos amores nem o número do sapato, algo que somente poucos poderiam saber. Cinderela? Não. A Coroada era uma Mulher única, própria de uma nova categorização, quem sabe, um novo livro. Mas Isabela iria amar repentinamente. Tomou posse dos sentimentos de Rafael mas, pouco a pouco, democraticamente, foi deixando o Amor Acontecer. Nessa derrubada de regime, nessa luta contra o regime, Isabela vai viver o seu romance. E a vida nos entregará mais uma forma de amar. Poesia que falará. Você que não aguentará. Eu que me rendi. Coroada és. Seja!
Este texto é o que apresenta a sinopse, resumo, uma ideia geral do livro. Porém, há mais coisas ali no livro, como a reflexão sobre o destino e nossas escolhas, uma vez que Aurora é o dia de cada dia, a nos ofertar mais uma chance de mudarmos. Também é a reflexão sobre a história e política, as decisões fundamentais. E, somado a isso, o romance, o amor, o aprofundamento deste sentimento tal precioso a nós. Sendo assim, apresentando uma parte do espectro do texto, abaixo deixo para vocês, leitores e leitoras, um trecho do livro em que Rafael reflete sobre seu sentimento e a feminilidade de Isabela, ao que, ao fim, declara-se poeticamente. Enfim, Aurora é a vida e os mistérios que nos cerca, diariamente, em nossa jornada até ao fim de nosso destino. Seja!
Eis um pequeno trecho de Aurora
…
Ao ver a pintura mística em Isabela, todos os sentimentos e descrições eram insuficientes para compreender o que foi visto ali. Jamais foi apresentada uma perfeita beleza. Pouco a pouco a imagem foi se revelando, dois meninos no encanto, a mulher dominando todos os sentidos. Sexo frágil? Essa é a mentira mais antiga do mundo. A mulher é o sexo forte. Uma geometria perfeita, poção misteriosa que traz a vida, poesia em pessoa viva. A última peça estava no chão. Isabela nua no ambiente era o centro do universo de Rafael. Agora ele a via por inteira. Aquele encontro fugaz na biblioteca, teve a consumação de um amor, mas não houve ali a contemplação do mistério feminino. Hoje houve. Isabela estava perfeitamente feminina. Rafael não resistiu. Ele então começou a dizer. Declarou-se.
Você surge inesperadamente
Rouba meus sentimentos, aloja-se na minha alma
Apossa-se do meu sono, sonho
E eu permito que seja
Impera no meu destino, na minha jornada
A graça que poderia receber, tenho ao lhe ver
Um súdito que se ajoelha
Um Rei ao ter você
Muitos discursos, parlamento de retóricas
Voz que ressoa no ambiente, música que escuto
Seus passos em direção a mim
Rendição anunciada, amor que se vem
Sem governos, leis, decretos, a liberdade
Para ser o que seja, Mulher para mim
Em mim, plena, completa, linda
Amo você é a lei que se lê
Palácios ocupados, tronos destronados
Ruínas de antigos impérios, destruição de colossos
Paixão que vigora, beleza que desfila
Mansidão no coração, Coroada regência
Legitime-se no meu reino, é seu
Lidere meus sentimentos, são seus
Aproxime-se de mim, sou eu
Seja para mim, sou seu
* a figura da boina francesa vermelha representa Isabela, A Coroada.
