Na tarde desta quarta-feira (20), Governador Valadares foi palco de uma manifestação comovente e carregada de indignação em memória de Thainara Vitória Francisco Santos, jovem de 18 anos, negra, grávida de quatro meses e mãe de uma menina de quatro anos.
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Thainara perdeu a vida em circunstâncias brutais na noite de 14 de novembro, enquanto tentava proteger seu irmão de 15 anos, diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade0, durante uma abordagem policial no residencial Ibituruna II, no bairro Vila dos Montes, onde morava.
O ato reuniu familiares, amigos, movimentos sociais e lideranças políticas na Avenida Engenheiro Roberto Lassance, conhecida como rua da Coca-Cola, no bairro Vila Isa. Faixas e cartazes expressavam palavras de dor e resistência: “Justiça por Thainara Vitória”, “Vidas Negras Importam”, “Thainara morreu defendendo seu irmão autista da polícia”.
Bloqueio de ponte
Após uma concentração inicial, os manifestantes seguiram até a ponte do São Raimundo, onde interditaram o tráfego por 40 minutos. O bloqueio visava chamar atenção para o caso e pressionar as autoridades a responsabilizarem os envolvidos.
Apesar das reclamações de motoristas, a manifestação transcorreu sem incidentes graves. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) esteve presente e, de forma educada, interveio para dispersar motociclistas que ameaçavam furar o bloqueio.
De lá, os manifestantes seguiram até o residencial Ibituruna II, local onde ocorreu a abordagem que culminou na morte de Thainara. No fim do ato, uma oração foi feita em sua memória e balões pretos foram soltos ao céu, simbolizando luto e a busca por justiça.
O que aconteceu
Na noite de 14 de novembro, Thainara se preparava para ir ao trabalho quando policiais chegaram à sua casa à procura de um suspeito de homicídio ocorrido no bairro Conquista. A mãe de Thainara, Jucélia, permitiu a entrada de apenas um dos agentes, mas relatou que cerca de oito policiais reviraram a casa.
Durante a abordagem, o irmão de Thainara, de 15 anos, se desentendeu com os policiais e tentou agredir um deles. Ele foi retirado do apartamento e, segundo relatos da família, começou a ser agredido. Ao tentar proteger o irmão, Thainara foi espancada, jogada contra a parede e, depois, arrastada até a viatura.
Ela foi levada à UPA do bairro Vila Isa, mas chegou ao local sem vida. Sua morte causou comoção e revolta, movimentando as redes sociais e reacendendo debates sobre violência policial, tão presente em Valadares, assim como o racismo estrutural que vitima, sobretudo, jovens negros e da periferia.
Cobrança por justiça vai continuar
Mateus Ferreira, amigo de Thainara e organizador do ato, destacou que esta é apenas a primeira de muitas manifestações que ocorrerão enquanto o caso permanecer sem respostas. “Vamos nos reunir uma vez por mês para cobrar justiça, mas de forma pacífica. Uma violência não pode gerar outra. O que queremos é paz e justiça”, declarou.