Morte de Thainara expõe rotina de abusos praticados por policiais: comando do 6º BPM fica em silêncio

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Morte de Thainara expõe rotina de abusos praticados por policiais: comando do 6º BPM fica em silêncio
Idosa fala sobre ação de PM dentro de sua casa. Imagem: O Olhar

O caso da jovem Thainara Vitória, que teria sido espancada e morta por policiais militares no dia 14 de novembro, no Residencial Ibituruna II, em Governador Valadares, consternou a cidade e trouxe à tona uma série de relatos de abusos constantes cometidos por agentes da Polícia Militar na comunidade. Apesar da gravidade das denúncias, o comando do 6º Batalhão da Polícia Militar (6º BPM) não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.

+ O calvário de Thainara não pode ser em vão

Diversos moradores do residencial relataram que ações violentas da PM são recorrentes. Segundo eles, policiais frequentemente invadem apartamentos sem mandado judicial, utilizando pés de cabra ou chutes para arrombar portas quando os moradores se recusam a abrir. Uma vez dentro das casas, os agentes fazem buscas ilegais, reviram pertences, ameaçam adolescentes de morte e deixam um rastro de destruição e medo.

Durante um ato realizado no dia 20 de novembro em memória de Thainara e em defesa de justiça, uma idosa relatou ter sido vítima dessas ações. “Invadiram minha casa, reviraram tudo e ameaçaram matar meu neto. Eu disse para eles que, se matassem meu neto, era para me matar também. Só tenho ele por mim, já perdi meu filho, que está desaparecido há dois anos, e a polícia nunca apurou nada”, desabafou.

Outros moradores reforçaram os depoimentos, afirmando que a violência é uma prática rotineira. “Eles chegam esmurrando as portas. Se não abrimos, eles arrombam, entram sem mandado, bagunçam tudo e nos ameaçam”, contou outra moradora.

Comando da PM se cala

Diante das denúncias, a reportagem do O Olhar questionou o comando do 6º BPM, sob a liderança do Coronel Paulo Henrique Carneiro Leão Cardoso, sobre a suposta frequência dessas operações arbitrárias no Residencial Ibituruna II. A reportagem também pediu esclarecimentos sobre os critérios adotados para autorizar operações em bairros periféricos e como o comando assegura que os direitos dos moradores sejam respeitados.

Entre os questionamentos, também estavam:

  • O conhecimento e a autorização do comando sobre as invasões relatadas;
  • Se há protocolos distintos para operações em bairros nobres e periféricos;
  • A existência de canais seguros para denúncias de abusos e como são divulgados à população.

No entanto, nenhum dos 10 pontos foi respondido pelo comando do 6º BPM.

Clamor por justiça

Enquanto a comunidade busca respostas e responsabilizações, os policiais envolvidos na ação que resultou na morte da jovem não foram afastados de suas funções e continuam atuando nas ruas normalmente, segundo informações dos organizadores do movimento em busca de justiça por Thainara.

Além disso, o silêncio das autoridades diante das denúncias de abuso e do assassinato de Thainara reforça o clima de indignação e insegurança no Residencial Ibituruna II.

Novo ato neste domingo

Uma nova manifestação cobrando respostas para o caso Thainara está marcada para o próximo domingo, dia 15 de dezembro.

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