O ex-vereador e atual candidato a deputado federal pelo Partido Social Cristão (PSC), Euclydes Marcos Pettersen Neto, 34, pode ficar fora da disputa das eleições 2018. A candidatura dele foi impugnada pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), por possível prática de compra de votos. Na semana passada, o nome dele já havia sido impugnado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), devido a uma condenação em sentença transitada em julgado.
Ex-vereador Euclydes Pettersen tem candidatura a deputado impugnada pelo MPE
Os supostos crimes de abuso de poder econômico e compra de votos foram apontados pelo promotor Evandro Ventura da Silva, da Promotoria de Justiça Eleitoral de Governador Valadares, nas apurações dos fatos referentes à Operação Octopus, deflagrada em julho pelo Ministério Público e polícias civil e militar. A operação levou para a cadeia os ex-prefeitos de Divino das Laranjeiras, Edson Alves de Souza, conhecido como Bodola; de São Félix de Minas, Wanderlei Vieira de Souza; e de Itabirinha, Aurélio Donádia Ferreira.
Operação Octopus prende três ex-prefeitos do Vale do Rio Doce por fraude milionária à licitação
Durante perícia feita no celular do ex-prefeito Edson Bodola, foram identificadas conversas entre ele e o candidato Euclydes Pettersen “que provam que ele (Euclydes) estaria realizando campanha valendo-se do abuso do poder econômico e mediante compra de votos”, relatou o promotor Evandro Ventura.
Veja abaixo a conversa entre o candidato Euclydes Pettersen e o ex-prefeito Edson Bodola:
Em um áudio postado no dia 11 de abril, Edson Bodola fala com Euclydes sobre uma eleitora na região que precisava fazer uma cirurgia de ‘pedra nos rins’ e pede que o candidato consiga o encaminhamento para o Hospital Samaritano. No dia 16 de abril, o ex-prefeito indica outro paciente para cirurgia, dessa vez um rapaz.
Em resposta, Euclydes envia para o prefeito uma lista de procedimentos médicos à qual ele tem acesso “e que possivelmente obtém com facilidade, exatamente objetivando a compra de votos”, diz o promotor.
Os procedimentos disponibilizados pelo candidato são sete: ginecologia (histerectomia, períneo, ligadura); cirurgia pediátrica (hérnia, vesícula, varicocele); vascular (varizes e veias); otorrino (adenoide, amídala, turminectomia, sinusite); urologia (fimose, postectomia, vasectomia); cirurgia geral (hérnia, vesícula); e oftalmologia (catarata, piterídeo).
Também foram encontrados no celular de Edson Bodola imagens de recibos que comprovam o transporte irregular de eleitores para fazer o título eleitoral. A nota informa a quantidade e o valor dos abastecimentos, bem como dados da conta bancária onde Euclydes teria que depositar o dinheiro:
No áudio enviado para Euclydes Pettersen no dia 5 de julho, Bodola avisa que “João já fez o depósito” e só estaria faltando o dele (Euclydes). Para a promotoria, o fato deixa claro que o depósito que o candidato a deputado federal teria que fazer estava relacionado ao transporte de eleitores. “Mais uma vez o nome de João é citado, havendo suspeita de que se trata de João Magalhães, deputado estadual, sendo possível que ele esteja também envolvido no esquema”, diz o documento encaminhado à PRE.
O promotor eleitoral Evandro Ventura destacou ainda que a forma de campanha eleitoral feita por Euclydes Pettersen incide diretamente nas vedações da Lei Geral das Eleições. “Além de ser crime eleitoral, conforme o artigo 299 do Código Eleitoral, o próprio transporte de eleitores também pode caracterizar o abuso do poder econômico, acarretando, em tese, a inelegibilidade por oito anos”, concluiu.