Ao falar sobre as parcerias para o Natal Iluminado, inaugurado na noite da última segunda-feira (3), o prefeito de Governador Valadares, André Luiz Merlo (PSDB), concluiu com a seguinte frase: “esse é o espírito do Natal: solidariedade, alegria e união em torno do bem estar coletivo”.
A prefeitura, no entanto, deixou “o espírito de Natal” de lado para cobrar cerca de R$ 700,00 dos vendedores ambulantes que quiserem comercializar seus produtos na Praça dos Pioneiros, no Centro da cidade, durante o período natalino.
Em uma cidade com poucos empregos e menos ainda empregos bem remunerados, boa parte da população tem encontrado na informalidade o meio de sustentar suas famílias, como é o caso dos vendedores ambulantes ou camelôs.
Mas ao invés de ganhar uma renda a mais com o movimento de Natal, que atrai para Valadares moradores de outras cidades e regiões, os vendedores ganharam uma ducha de água fria.
“A concentração das pessoas vai ser aqui na praça, por causa dos enfeites, das árvores, das luzes, e à noite vai ser o melhor lugar pra gente ficar. Mas todos nós achamos a cobrança um absurdo. A vida não está fácil, o comércio muito fraco na cidade durante todo o ano e agora, na hora da gente recuperar um pouco, ganhar um trocado que seria guardado para iniciar o ano, vem essa cobrança da prefeitura”, diz um ambulante que preferiu não ter o nome divulgado.
“Nós ficamos assim, na informalidade, não temos carteira assinada, poucos direitos. Mas o sentimento é como se nós estivéssemos pagando um 13º salário para a prefeitura. Tirando da boca da nossa família para dar para a prefeitura”, lamentou outro camelô.
Para alojar cerca de 23 vendedores ambulantes na área da Praça dos Pioneiros, a Secretaria Municipal de Cultura retirou os expositores da Feirinha de seus lugares habituais. Um grupo de ambulantes conversou com O Olhar e foi unânime em dizer que não apoiou a iniciativa. “A gente preferia ficar em volta da praça, mas não permitiram”, disse um deles.
Perguntamos a outro camelô se seria fácil tirar na venda o valor da taxa cobrada pela prefeitura e ainda ter algum lucro. “Isso não sabemos, pois vai depender se a pessoa vai querer gastar e quanto. Pode ser que a gente recupere o dinheiro ou pode ser que vamos ficar no prejuízo e só a prefeitura ganhe”, respondeu.
A cobrança, segundo a prefeitura, tem o objetivo de organizar o comércio temporário de alimentos e bebidas durante o Natal Iluminado. Para isso, foi feito um credenciamento de barracas, carrinhos e food trucks. Quem não pagar a taxa prevista, não poderá utilizar o espaço.
Nesta terça (4) e quarta-feira (5), o espaço reservado para os ambulantes ficou vazio.