BARRADO PELA PREFEITURA DE VALADARES, CARNAPINA SERÁ DESAFIO PARA A COMUNIDADE

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Indeferido pela prefeitura de Valadares, o carnaval de rua do Carapina (Carnapina) pode não acontecer este ano. Foto: Divulgação

Se depender do prefeito de Governador Valadares, André Luiz Merlo (PSDB), a 9ª edição do Carnapina, um dos maiores carnavais temporões da cidade, que acontece desde o ano de 2011, no bairro Carapina, não será realizada este ano.

A notícia foi dada durante reunião que aconteceu na semana passada, na prefeitura, com todos os representantes de carnavais de rua de Valadares, e pegou de surpresa, em especial, os organizadores do Carnapina – que já se preparavam para colocar os foliões na rua no dia 16 de fevereiro.

A alegação do Executivo é que o evento cresceu e o morro não comporta mais os foliões. Para respaldar a decisão, o governo ressaltou que a medida estava endossada por “todos os órgãos envolvidos no evento”, ou seja, que integram a Comissão de Monitoramento de Eventos Esportivos e Culturais (Comoveec), formada por órgãos de segurança municipal e estadual.

Na noite da última terça-feira (15), a PM se reuniu com moradores do bairro Carapina para confirmar a decisão da prefeitura. O tenente Duarte falou que muitas pessoas ali poderiam alegar que o evento nunca deu problema. “Mas em muitos lugares onde aconteceram tragédias, nunca deram problema, a gente só precisa de um”, disse o militar. Foi assim a conversa com a comunidade, que está indignada.

“O Carnapina é a distribuição de um sonho que a comunidade abraçou a quase 10 anos atrás. Muita gente não entende, mas não é apenas um carnaval, é a oportunidade que temos para mostrar que aqui também é possível se divertir, assim como em qualquer outro bairro”, traduziu a moradora do Carapina e apoiadora do evento, Georgina Dias.

Ela conta que foram apresentadas várias propostas, como diminuir o número de barracas, aumentar o percurso, realizar o evento no mesmo dia do Trupico do Lalá – carnaval de rua que acontece na Ilha dos Araújos – para diminuir o público do Carnapina. “Nada foi aceito”.

“É um boicote, não tem outra justificativa. Se não são capazes de garantir a segurança aqui no bairro, como irão garantir em outros bairros?”, questiona. “Mas estamos tendo um apoio grande da população de Valadares, que está se mostrando favorável à realização do Carnapina, e tudo que estiver no nosso alcance iremos tentar”, completa.

Para Alberto Júnior da Silva, um dos organizadores do carnaval de rua do Carapina, a medida pode ser traduzida em discriminação e preconceito. “Parece que armaram tudo, pois nunca teve nenhum problema aqui, apenas alegam que o evento cresceu e as ruas não comportam. Isso pegou todo mundo de surpresa e tudo que a gente argumentou não aceitaram. Querem que a gente pare o carnaval por 2 anos, mas sabemos que depois é quase impossível retornar”.

Por causa das reações contrárias à não realização do Carnapina, principalmente nas redes sociais, a prefeitura convidou a imprensa para tirar dúvidas sobre o assunto: “Diante dos vários questionamentos sobre a realização do Carnapina, a Prefeitura informa que a Comissão de Monitoramento de Eventos Esportivos e Culturais (Comoveec), que é formada por órgãos de segurança municipal e estadual, estará à disposição da imprensa para os devidos esclarecimentos, nesta quinta-feira (17), às 10 horas, na Risp – Avenida Minas Gerais, 2.100, bairro Maria Eugênia”.

Discriminação

Esta não é a primeira vez que a organização do Carnapina reclama de discriminação. No ano passado, o organizador geral do carnaval de rua do Carapina, José Carlos dos Santos, reclamou que os agentes de trânsito não compareciam ao evento, o que acabava gerando tumulto, já que alguns veículos estacionavam indevidamente na via por onde passa a Escola de Samba Unidos do Morro. “Aqui eles não vêm, mas na Ilha, quase todos os fiscais são escalados para trabalhar no Trupico do Lalá”.

Apoio

Em 2018, vários organizadores do carnaval temporão em Valadares também reclamaram do pouco incentivo da prefeitura, que ofereceu apenas apoio institucional, como limpeza de ruas, ambulância do Samu, agentes de trânsito.

Eles queriam mais investimento do poder público na atração turística que não para de crescer, como ajuda para pagamento de bandas locais ou apoio material como som e palco.

A prefeitura disse não aos promotores, alegando falta de recursos, ao mesmo tempo que desembolsava R$ 190 mil para a dupla sertaneja Fernando e Sorocaba se apresentar um único dia no Aniversário da Cidade.

Os carnavais de rua aconteceram, em 2018, em sete bairros e datas diferentes: Carapina, Ilha dos Araújos, Jardim do Trevo, Vila Bretas, Jardim Pérola, Santa Efigênia e Retiro dos Lagos.

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