A Polícia Civil indiciou quatro homens pela morte de um empresário ocorrida há quase um ano no bairro Grã-Duquesa, em Governador Valadares. Maurício Miranda Silva, 48, foi assassinado a tiros na porta de casa por um jovem, no dia 1º de junho de 2018.
Durante as investigações, a surpresa: o mandante do crime, segundo a polícia, foi o sócio, afilhado e amigo da vítima, Douglas Ribeiro Schneider, 35.
Segundo o delegado Luciano Cunha Lima, o motivo do crime foi um desentendimento entre os dois, por causa de um caminhão avaliado em R$ 120 mil.
Maurício e Douglas eram sócios em uma empresa de transporte de gado, onde também trabalhava Wesley Grossi Martins Quintão, 35, apontado como intermediador entre o mandante e o executor, Vandré Maurício dos Anjos, 27.
Os desentendimentos se deram depois que Maurício adquiriu um caminhão de Wesley, que deu um ano de prazo para a quitação do veículo. Douglas era o fiador e teve que dar um caminhão a Wesley, para quitar a dívida.
De acordo com a polícia, Douglas conta que Maurício adquiriu um caminhão em Ipatinga e passou para ele, o que foi negado por algumas pessoas em depoimento.
Por causa dos problemas financeiros, Maurício se afastou da empresa em 2017, e Douglas teria feito uma manobra para abrir outra, usando, inclusive, o mesmo galpão onde funcionava a anterior.
A saída de Maurício da empresa gerou vários problemas entre eles. Existem até dois boletins de ocorrências por conta de tais problemas.
Consciência pesada
A Polícia Civil chegou até os envolvidos no crime depois de quase um ano de investigações, que contaram até com rastreamento de telefones na região onde aconteceu o crime. No entanto, a consciência pesada do executor confesso agilizou bastante as apurações.
O delegado Luciano conta que no dia 6 de março recebeu uma ligação do escrivão dizendo que o autor da morte de Maurício estava se apresentando na delegacia. Vandré chegou assumindo ser o autor do crime e dizendo ter sido mandado por uma pessoa conhecida por “Alemão”, que trabalharia com obras.
Vandré contou na delegacia que esteve lá por outras cinco vezes para se apresentar e desistiu. Ele disse que não aguentava mais a pressão e se sentia extremamente arrependido por ter matado uma pessoa.
O delegado explica que o jovem, em depoimento, falou que tomou a decisão de se apresentar após ter visto uma foto da esposa da vítima com o filho, desamparada pela morte de Maurício.
Uma semana antes de cometer o crime, o jovem chegou a ficar frente a frente com a vítima mas não teve coragem de matá-la. Vandré teria chegado às 6h30 da manhã e abordou Maurício.
Já com a arma na mão, ele desistiu e chegou a pedir um serviço para o empresário, já que na porta da casa dele havia um container. Este fato foi confirmado por testemunhas.
O registro do telefone de Vandré, segundo a polícia, mostra que ele esteve rondando a casa da vítima desde o dia 23 de maio. Maurício foi morto no dia 1 de junho do ano passado.
No depoimento, o autor confesso dos tiros que mataram Maurício também disse ter sido levado, no dia do crime, por um mototaxista. Entretanto, alguns pontos da história não convenceram a polícia, que aprofundou nas investigações e chegou a Pedro Matheus Anastácio de Oliveira, 22.
No dia do assassinato, ele foi parado pela Polícia Militar em uma motocicleta, mas nada foi constatado. Havia uma imagem da rua da vítima que mostrava a fuga de Vandré na garupa de uma moto, mas um dígito da placa estava ilegível. A polícia fez o cruzamento das informações e viu que batia com a moto usada por Pedro.
Na ocasião em que foi pego, ele alegou que a moto era do patrão e que não havia saído do bairro onde trabalhava, Jardim do Trevo. Os patrões de Pedro foram ouvidos e confirmaram que ele havia saído com o veículo às 2 horas da madrugada, como sempre faz após o dia de trabalho, e retornado na tarde seguinte.
Conclusão
A equipe de investigadores da Polícia Civil concluiu que Wesley Grossi começou a trabalhar em uma madeireira depois que saiu da empresa de Maurício e Douglas. Lá ele conheceu Vandré, que passava por dificuldades financeiras.
Wesley, também conhecido por “Banana”, comentou que Vandré poderia conseguir um alívio financeiro, já que ele tinha um amigo que procurava alguém para matar uma pessoa por conta de uma dívida.
O valor inicial era R$ 3 mil, mas o jovem não aceitou por ser baixo. Wesley procurou Douglas que aumentou a proposta para R$ 5 mil.
Vandré topou e chamou Pedro Matheus. Os dois foram até a casa da vítima mas Pedro Matheus achou que o risco era grande para R$ 5 mil, já que havia muitas obras na região, além da proximidade com o prédio da Região Integrada de Segurança Pública (RISP). Eles voltaram a conversar com Wesley, que conseguiu que Douglas aumentasse para R$ 10 mil.
Vandré recebeu R$ 3 mil iniciais e passou a Pedro Matheus, que conseguiu a arma. Só então, eles executaram o crime. Pedro Matheus levou Vandré, esperou em uma rua próxima até que ele fosse à casa da vítima para executá-la com 4 tiros, sendo um na cabeça, outro no coração e dois de raspão na região da cintura.
O autor confesso recebeu os R$ 7 mil restantes de Douglas e ainda passou mais R$ 1 mil para Pedro, que ficou com a arma. Ambos não tinham passagem pela polícia até a data do crime.
Prisões
Quando se apresentou, Vandré não pode ser preso por estar fora do flagrante. Ele foi liberado mas a Polícia Civil solicitou à justiça um mandado de prisão temporária para todos os envolvidos.
O delegado Luciano relata que no dia 1º de abril foram presos, temporariamente, o mandante Douglas Schneider, o intermediador Wesley Grossi e Pedro Matheus, que levou o executor ao local do crime.
Vandré foi procurado em casa pelos policiais mas a mulher dele informou que ele teria ido com o pai para o Rio de Janeiro (RJ), trabalhar, já que estava tendo problemas por conta de dívidas.
O próprio delegado fez contato com o jovem pelo whatsapp e combinou a apresentação dele à polícia. Vandré acertou que iria para Juiz de Fora (MG), onde se entregaria.
Segundo Luciano, os envolvidos foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, com pena que pode variar de 12 a 30 anos de prisão. O prazo da prisão temporária acabou, mas a Justiça expediu mandado de prisão preventiva para os quatro.
Douglas, Wesley e Pedro estão presos na Cadeia Pública e Vandré, em Juiz de Fora, aguardando transferência para Valadares.
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Agora provar a verdade
Se Douglas deu dinheiro ou não
Pode ser armação do próprio matador comprometendo Douglas e acobertando outra pessoa
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