O advogado do vereador Marcos Alves da Silva (PSDC), o Marquinho do Depósito, afirma que a prisão do cliente, realizada na terça-feira (16), em Vitória/ES, é arbitrária e ilegal. No sábado (13), ele matou, a tiros, o prefeito de Naque, Hélio Pinto de Carvalho (PSDB), o Hélio da Fazendinha, durante uma discussão sobre uma cerca.
Evaldo Braga da Silva declarou que iria à Comarca de Açucena para tomar conhecimento dos motivos do mandado de prisão e, assim, entrar com um pedido de habeas corpus pedindo a liberdade do cliente.
Segundo Evaldo, na audiência de custódia de domingo, quando Marquinho foi apresentado à justiça, em Governador Valadares, a juíza de plantão aceitou os argumentos da defesa de que o vereador preenchia os requisitos necessários para responder pelo crime em liberdade e concedeu a provisória.
O advogado disse que a juíza determinou como condições que Marquinho residisse em Valadares, podendo se ausentar por até oito dias, além de não ter nenhum contato com parentes da vítima e nenhuma testemunha dos autos.
Sobre a viagem de Marquinho para Vitória, Evaldo disse que, na segunda-feira após o crime, começaram a circular informações de que algumas pessoas pretendiam depredar e colocar fogo na loja e na casa de seu cliente. O advogado disse que o vereador perguntou se poderia seguir para a capital capixaba e voltar no final de semana, quando a poeira baixar.
“Na decisão da magistrada, ela permitia que ele se ausentasse da Comarca por até oto dias e essa era a pretensão”, declarou.
O advogado disse que ainda não teve acesso aos autos para saber o que motivou o pedido de prisão feito pela justiça de Açucena, mas afirmou que o vereador não pretendia fugir, apenas se afastar por uns dias da região para evitar conflitos com simpatizantes da vítima.
Sobre a mudança de visual de Marquinho, Evaldo justificou como sendo pedido da esposa. Segundo ele, a mulher do vereador preferia que ele tivesse o cabelo preto e pediu para que fizesse isso para que pudessem recomeçar a vida, aguardando a decisão da justiça com relação ao crime de sábado.
Possível fuga do país
Em entrevista concedida à Intertv dos Vales, a equipe do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Ipatinga explicou que o vereador descumpriu a liberdade provisória.
Segundo o promotor Igor Peixoto, ele havia se comprometido a ficar em Valadares e, no dia que matou o prefeito, chegou a ameaçar testemunhas do crime.
Havia também a preocupação com uma possível fuga do país, já que ele estava hospedado próximo ao aeroporto de Vitória e também tem parentes no exterior, que, segundo o Gaeco, poderia ser a rota de fuga.
A Polícia Civil também cumpriu três mandados de prisão no comércio, na casa e na chácara do vereador. Marquinho está preso no DHPP de Xuri, em Vitória, e deverá ser transferido, nos próximos dias, para o presídio de Açucena. A polícia também deverá realizar uma reconstituição do crime, mas a data ainda não está definida.
O crime
O prefeito de Naque, Hélio da Fazendinha, morreu no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, depois de ser baleado, na manhã de sábado (13), em Naque, pelo vereador Marquinho do Depósito.
Os dois se desentenderam porque o parlamentar estava fazendo uma cerca em sua propriedade e ela invadiria terreno da prefeitura. Os dois começaram a discutir e, segundo Marquinho, que estava em um cavalo, o prefeito tomou de sua mão uma taca (espécie de chicote) e começou a golpeá-lo.
Na delegacia de Valadares, o vereador, mostrando marcas que seriam dos golpes recebidos do prefeito, disse que matou Hélio porque ficou com medo de ser assassinado. “Todo mundo sabe que ele anda armado”, disse. Marquinho ficou preso até a noite de domingo, quando recebeu o benefício da liberdade provisória.
Segundo o Gaeco, Marquinho do Depósito poderia fugir do país a partir do aeroporto de Vitória/ES