CRIANÇA BRASILEIRA TERIA SIDO ENCONTRADA SOZINHA NA FRONTEIRA DOS EUA

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Bebês, crianças e adolescentes imigrantes em um abrigo em San Benito, no Texas (EUA). Foto: AP/Eric Gay

Uma criança brasileira de apenas três anos foi encontrada sozinha na fronteira dos Estados Unidos com o México nos últimos dias. Ela está em um abrigo no estado do Texas e ainda não se sabe de onde ela é.

Uma reportagem da Associated Press (AP) denunciou que o governo Trump está privatizando a detenção de crianças imigrantes.

No abrigo, mais de 50 crianças e adolescentes estão sob vigilância de funcionários da Comprehensive Health Services Inc. (CHS), empresa privada com fins lucrativos pelo governo americano para manter filhos de imigrantes que tentam atravessar a fronteira com o México para chegar aos EUA.

Segundo a reportagem, o abrigo tentou encontrar a família da criança, ligando para o consulado brasileiro e até com pesquisas no Facebook. No entanto, só conseguiam dela umas poucas palavras em português, dificultando a localização dos parentes mais próximos.

O Itamaraty informou ao O Olhar, no final da tarde desta segunda-feira (7), que a descrição dada na matéria pode ser de uma criança brasileira que está em um abrigo em Chicago, que já está sendo acompanhada pelo órgão.

Não foram passados mais detalhes sobre a situação desta criança, nem a origem dela no Brasil. O Itamaraty informou ainda que está acompanhando casos de outras 10 crianças em abrigos nos Estados Unidos.

Lucro

O acolhimento de crianças imigrantes se tornou um negócio crescente, já que o número de menores de idade sob custódia do governo teve aumento recorde nos últimos dois anos.

Somente no abrigo onde está a criança brasileira são mais de 50 bebês, crianças e adolescentes. O local descrito pela reportagem da AP é limpo, bem iluminado e isolado por cercas de arame.

As crianças estão, oficialmente, sob a custódia do Governo Americano, mas uma investigação conjunta da AP com a Frontline (principal programa de jornalismo investigativo da TV americana) descobriu que o governo do presidente Donald Trump está transferindo parte do cuidado de crianças imigrantes para o setor privado e empreiteiros.

A CHS é, até o momento, a única empresa privada que cuida das crianças. Ela é de propriedade da Caliburn International Corp, sediada em Washington. Em junho, a empresa detinha mais de 20% de todas as crianças imigrantes sob custódia do Governo Americano.

Ainda de acordo com a reportagem, a CHS também possui uma sede em Homestead, na Flórida. Uma adolescente conversou com as equipes da AP e da Frontline e disse que ela e outras crianças eram constantemente vigiadas enquanto detidas, sem permissão para se tocarem, além de haver alarmes nas janelas. “Parece um acampamento, mas às vezes parece uma prisão porque você se sente muito preso”, disse ela.

A matéria diz ainda que todos os adolescentes foram transferidos de Homestead em agosto, depois de manifestações de membros do Congresso Americano e manifestantes locais afirmando que era abusivo manter muitas crianças imigrantes em uma única instalação.

Atualmente, a CHS está conseguindo mais negócios visando o abrigo de crianças imigrantes. A empresa possui seis instalações, incluindo três abrigos no Vale do Rio Grande, no Texas (fronteira com o México), que podem abrigar os mais jovens, bebês e crianças menores. O plano da CHS é um abrigo de 500 leitos em El Paso, no Texas.

Refugiados

Crianças são levadas para um dos 165 abrigos nos EUA. Foto: AP/Eric Gay

O Gabinete de Reassentamento de Refugiados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos administra programas de crianças imigrantes, financiando 46 organizações que operam mais de 165 abrigos e programas de acolhimento para mais de 67 mil crianças imigrantes que foram para os EUA por conta própria ou foram separadas dos pais ou responsáveis na fronteira.

“Os Estados Unidos são o país do mundo que detém o maior número de crianças por motivos de imigração e, provavelmente, por um período mais longo. Nenhum outro país chega perto”, afirmou Michael Bochenek, advogado da Human Rights Watch, que atua em uma equipe de pesquisa da ONU que examina a detenção global de crianças.

“Ter empresas privadas mudando para a área de atendimento e custódia de crianças em ambientes de detenção é especialmente preocupante”, disse ele.

No geral, o governo federal gastou um recorde de US $ 3,5 bilhões cuidando de crianças imigrantes nos últimos dois anos para administrar seus abrigos por meio de contratos e doações.

Durante esse período, a CHS rapidamente migrou para o negócio de cuidar de crianças imigrantes, segundo a AP. Em 2015, a empresa recebeu US $ 1,3 milhão em contratos para abrigar crianças imigrantes, e até agora este ano recebeu quase US $ 300 milhões em contratos para cuidar, de acordo com dados disponíveis ao público. A empresa também opera alguns abrigos sob subsídios do governo.

Os nomes dos abrigos, e a quantidade de crianças existentes em cada um, não são divulgados pelo governo. Porém, dados confidenciais obtidos pela AP mostram que, em junho, quase uma em cada quatro crianças imigrantes sob assistência governamental foi alojada pelo CHS.

Isso inclui mais de 2.300 adolescentes em Homestead, na Flórida, e mais de 500 crianças em abrigos em Brownsville, Los Fresnos e San Benito, no Texas (estado por onde chegam aqueles que atravessam a fronteira com o México).

Com informações da Associated Press.

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