A distopia do Time Runner

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    a distopia do time runner
    Imagem: Divulgação

    Coluna Sorrindo o Leite Derramado

    No último domingo eu estava fazendo minha caminhada matinal na ciclovia da Moacyr Palleta. Gosto de andar por ali no domingo de manhã, pouco movimento de ciclistas e o barulhinho do trem de ferro, tão mineiro!

    Às vezes sou incomodado por uma horda de cavaleiros, que me expulsam da pista, além dos seus cavalos deixarem lembranças intestinais na via… Ainda bem que esse encontro é esporádico!  Gosto de ver a Ibituruna ao longe e a entrada da Univale…

    Bem, estava eu caminhando alegremente, quando ouvi um estalo, seguido de um clarão. Parei e procurei a origem desse ruído diferente, não encontrei nada e já ia seguindo em frente, quando ouvi um pedido de ajuda:

    – Ei, senhor! Me ajude a descer daqui!

    Quando olhei para cima, lá estava o sujeito, pendurado nos galhos de uma árvore!

    Ajudei-o a descer e que figura! Usava um capacete esquisito, com umas luzes coloridas e uns óculos, que mais pareciam de mergulho. Sua roupa era prateada com uma inscrição enorme: PROJETO TIME RUNNER.

    O homem tirou o capacete e os óculos, tinha uns trinta anos, um cavanhaque estiloso, além de cabelos rastafari roxos. Foi logo se apresentando:

    -Bom dia sou Riobaldo Nunes, viajante do tempo!

    E contou sua incrível história.

    Fazia parte de um projeto de viagens no tempo de universidades brasileiras resistentes em colaboração com Oxford. Vinha de 2080, em direção a 2018.  Por algum problema técnico ele havia parado em 2021! Sua missão? Interferir nos resultados da eleição de 2018!

    – Vocês elegeram um presidente desastroso: genocida, incompetente e corrupto! Por causa dele, teremos uma sequência infeliz de dirigentes, com consequências nefastas para o mundo inteiro! Serão governos inimigos da ciência, educação e cultura, que menosprezam o meio ambiente e as organizações sociais. Nosso projeto é de universidades que resistem a política anti-educação … O clima no planeta enlouqueceu: a Amazônia e o Pantanal não existem mais em 2080! São áreas cobertas de concreto! Não existem animais silvestres no continente! A natureza agoniza! No Canadá ondas de calor e incêndios florestais estão transformando o país num deserto. No Ceará nevascas destruíram várias cidades … Multidões de esfomeados invadem as grandes cidades brasileiras e, com todos armados, virou um grande faroeste! Vivemos todos isolados, porque ondas de pandemias se sucedem…O Brasil é o maior criadouro de vírus do planeta e as grandes potências ameaçam nos explodir, para garantir a sobrevivência da humanidade! Então minha missão é fundamental para conservação do nosso país no mapa!

    Enquanto ele me contava aquela distopia, mexia em seu relógio de pulso mandando uma mensagem para sua “central” …

    Eu perguntei como poderia ajudar e ele respondeu:

    -Se eu falhar, invadam as ruas, peçam o Impeachment! Será nossa última esperança!

    Quando acabou de dizer isso, novo estalo e um clarão … Riobaldo sumiu!

    E eu terminei minha caminhada muito pensativo… Como deixamos isso acontecer? Que impacto vai ter no futuro de nossos netos?

    Cheguei em casa já arrumando as coisas para as próximas manifestações!

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