A vida é um mistério. Gosto de começar um pensamento, ou um texto, com essa frase. Não deixa de ser verdade, em um diálogo mais franco com a razão, entender que a mística de nossa existência se cerca de tantos segredos. O Arquiteto do mundo e da vida, guardou muito bem suas fórmulas. Arquétipos do Paraíso.
Mas algumas pistas são deixadas, como pegadas na areia, para seguirmos. Amizade, família, um bom riso sem sentido, são sinais de que, sim, o Criador foi justo. E é justo, quando se diz a respeito de enigmas aos quais, uma vez solucionados, permitem nos habilitar para a felicidade. Sim, resolver quebra-cabeças é preciso! Um labirinto de emoções.
E refletindo – tento sempre – sobre o assunto – qual mesmo? – resolvi falar um pouco sobre aquilo que cuidamos em nossas vidas. Aquilo que escolhemos não só cuidar, mas cativar. Aquilo que elegemos no fundo de nosso ser, alojado inseparavelmente na alma. A felicidade é um processo de buscas. Encontrá-la, um nirvana. Tê-la, uma música que não se cansa de ouvir.
Não há exatamente uma regra sobre as escolhas que fazemos, especialmente as relacionadas ao afeto. Posso escolher cativar minha paixão pela escrita e, assim, passar uma vida me entregando às palavras. Também é possível optar, em algum momento da existência, por um time de futebol – a coisa mais importante dentre as menos importantes, como dizia Nelson Rodrigues – e cuidar desse sentimento. Meu Galo transcende a essa genial frase. Sofrimento e alegria. Galoooooo!!!!
Mas a escolha daquilo que entregará afeto, amizade, amor, também acarreta responsabilidades. Você não planta uma semente e abandona o florescer. Rega a cada dia até o fim. Você não pode, simplesmente, gritar vamos, vamos, Galoooooôôô, e, depois, na primeira derrota (oh, pai, quem dera fosse apenas uma), abandonar o Clube Atlético Mineiro. Você não pode dar o primeiro passo sem, após ver o outro sapato, calçado, ainda que não saiba o número, pés que te acompanham, não terminar a jornada. Que tropecem juntos, mesmo sem saber onde termina o itinerário desse destino. Andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá. Lula lá!
Antoine de Saint-Exupéry não poderia ter sido mais feliz ao deixar essas lições na extraordinária obra, O Pequeno Príncipe. Quem ainda não leu, super recomendo a leitura desse magnífico clássico. Até porque, o que é essencial é invisível aos olhos. Metafísica que me persegue, oh Coroada poesia.
Coragem sempre precisamos na vida, esta que disse, ao início, e ao fim, ser um mistério. Escolhas a todo tempo nos são postas. Poucas coisas valem a pena a batalha, a escalavra, a guerra. Mas de todas elas, as importantes, foram escolhidas por nós, dádiva propiciada pelo livre-arbítrio. Ao eleger o que edificará a felicidade, a responsabilidade acompanha a escolha e o propósito. E fardo não será, pois, o que eleva a alma, não tem preço. Apenas sossego. Cativas o que amas e a responsabilidade será, simplesmente, um deleite. Um aconchego. Refrigério para dores, agora ausentes. Será um lugar de paz, Éden ou Valhalla. Um lugar que, irresistivelmente, cuidarás. Uma morada onde, enfim, decidirá ficar.
Obrigado, meu amigo!
Ivaldo merece cada minuto de leitura.