Começou de forma tranquila, na manhã desta quarta-feira (7), a ocupação da área interna do Hospital Regional de Governador Valadares, localizado às margens da BR-116, próximo ao Assentamento Oziel Alves Pereira (MST).
No entanto, por volta das 11h30, a Polícia Militar passou a impedir a entrada de galões de água e alimentos que estavam sendo levados para os manifestantes, já que a programação previa a permanência no local até o meio-dia de amanhã (8). Com isso, o protesto foi interrompido. Não houve confrontos.
Ocupação
A chegada dos manifestantes ao local começou antes das 7 h de hoje (7). Um trecho da cerca que circunda o hospital precisou ser derrubado para permitir o acesso ao pátio interno, onde aconteceram os protestos. Várias faixas espalhadas no local denunciavam a gestão “incompetente” dos governos municipal, estadual e federal no combate à pandemia.
A iniciativa também serviu para expor a situação de deterioração da estrutura física do hospital. O prédio, abandonado pelas administrações municipal e estadual, foi saqueado nos últimos anos e equipamentos, como toda a fiação do prédio, foram roubados.
Cerca de 83% da obra está concluída e falta pouco para terminar o hospital. Mas se permanecer a falta de intervenção dos órgãos responsáveis, todo o serviço poderá se perder ao longo do tempo, alertaram os manifestantes.
Leia também:
Militantes se preparam para ocupar obra inacabada do Hospital Regional
Movimentos ocupam Hospital Regional em Valadares nesta quarta
Atenção
O número de integrantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo foi menor que o previsto, devido à pandemia, mas segundo garantiu um dos coordenadores, Ênio Bohnenberger, o objetivo foi alcançado.
“A ocupação desse hospital é para chamar a atenção da sociedade do descaso das autoridades, seja municipal, estadual ou federal. Nós não podemos aceitar isso de maneira passiva, isso aqui é um absurdo, está sendo saqueado os recursos para investir aqui”, criticou.
Bohnenberger lamentou a obra estar parada desde 2015, quando, de acordo com ele, estava “na beirada de ser liberada para desafogar os hospitais”. Ele também cobrou informações sobre os recursos da ordem de R$ 135 milhões que teriam sido destinados para terminar o hospital.
“São R$ 75 milhões liberados pela Samarco, para o governo estadual, e R$ 55 milhões recebidos pelo governo municipal, e esse dinheiro não está sendo utilizado, enquanto muita gente está morrendo na fila”, comentou.
Roubo
O deputado federal Leonardo Monteiro (PT) participou do ato e condenou a situação em que se encontra a obra. “Eu estive aqui dois anos atrás, quando tentava fazer um acordo para que as universidades de Valadares com cursos na área de saúde pudessem colocar aqui ambulatórios e laboratórios para atender a população e, ao mesmo tempo, o prédio estaria sendo preservado, vigiado. Mas o governador Zema entrou e inviabilizou o convênio. Hoje o prédio está abandonado e sucateado. Roubaram todos os equipamentos, torneiras, instalações elétricas de cobre que foram arrancadas das paredes, lâmpadas, aparelhos para regular a energia no hospital, é um crime o que está acontecendo aqui”, denunciou.
O político também ressaltou que a conclusão da obra e funcionamento do hospital significam cerca de 200 leitos a mais em Valadares. “Hoje não temos leitos na cidade, as pessoas estão morrendo nas portas dos hospitais e UTIs porque não tem vaga; o estado todo está sem leitos, e outra coisa: são 11 prédios como esse, uns com a obra mais atrasada um pouco, mas são 11. Se multiplicar por 200 leitos, são mais de 2000 vagas que podemos ter no estado de Minas”, frisou.
Monteiro também afirmou que os recursos da Vale já foram liberados para o governador do Estado concluir a obra e comprar o restante dos equipamentos.
Críticas
A manifestação reivindicou transparência na aplicação dos R$ 55 milhões repassados pelo Governo Federal à prefeitura de Valadares para o enfrentamento à pandemia.
Também criticou a lentidão na vacinação da população e cobrou do governo André Merlo (PSDB) a instituição de um auxílio emergencial municipal e a aquisição de vacinas para acelerar a imunização local.
As reivindicações constam em um manifesto assinado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Segundo Ênio Bohnenberger, o documento de repúdio será encaminhado para o governo estadual, Ministério Público, Prefeitura e Câmara de Valadares.
A organização do evento informou que outras ações estão programadas para acontecer ainda esta semana, em prol da abertura do Hospital Regional.