Uma audiência pública marcada para esta terça-feira (4), para discutir o estudo realizado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) sobre o impacto da lama no solo, água e leite de vaca nas cidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco/Vale/BHP, foi cancelada.
O presidente da Câmara, Júlio Tebas de Avelar (PV), que propôs a audiência, justificou, nesta segunda-feira (3), na primeira reunião ordinária deste ano, que a Fundação Renova enviou ofício ao Legislativo informando que não participaria da reunião por desconhecer o conteúdo da pesquisa conduzida pela universidade.
“Penso que deveríamos trazer os diretores da Samarco aqui, e com todo respeito que tenho pelos seres humanos, esfregar a cara de cada um na lama que provocou essa enchente, pra ver o que está acontecendo em Governador Valadares, porque eles desconhecem que existe isso”, sugeriu Avelar.
O estudo, divulgado em dezembro do ano passado, mostra o resultado do Laboratório de Educação Ambiental, Arquitetura, Urbanismo, Engenharias e Pesquisa para a Sustentabilidade (LEA-AUEPAS), que aponta níveis acima do permitido de chumbo no leite de vaca; arsênio, cromo e mercúrio no solo; e arsênio, chumbo, ferro, manganês, mercúrio e níquel na água.
O caso mais discrepante, de acordo com o documento, é o arsênio, que está 32 mil vezes mais alto na água e 17 vezes mais alto no solo.
A audiência pública, segundo Júlio Avelar, iria discutir os dados apresentados pela UFOP e buscar soluções para a contaminação da Bacia do rio Doce. “Vamos remarcar a audiência, mesmo sem a presença da Renova, e vamos continuar cobrando da Fundação um estudo verídico sobre a lama”, afirmou o parlamentar.