Caos na Saúde de Valadares

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o crime contra a saúde
Ortopedistas em conversa com o deputado Leonardo Monteiro. Foto: Divulgação

Necessário abordar aqui a grave situação enfrentada pelo Hospital Municipal (HM) de Governador Valadares. Cerca de trinta médicos ortopedistas efetivos, contratados e residentes se insurgiram contra o caos na saúde impulsionado pela infraestrutura precária e falta de insumos, em especial os utilizados nas intervenções ortopédicas, como os de órteses, próteses e materiais especiais (OPME), impactando negativamente na qualidade dos serviços prestados à população.

Em duas cartas endereçadas à população, após tentativas frustradas de diálogo com o responsável direto pela pasta da saúde no município, e com o prefeito, o grupo de ortopedistas decidiu recorrer ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, num último apelo por socorro.

Desde abril de 2021, os atendimentos ambulatoriais de ortopedia do Hospital Municipal para pacientes pós-cirúrgicos, começaram a ser realizados no Hospital São Vicente. Uma espécie de anexo do Pronto-Socorro, como medida emergencial. Esses procedimentos estavam sendo realizados em uma tenda no pátio do HM desde de março de 2020 e, antes, em macas nos corredores do Pronto-Socorro.

Para se ter uma ideia, a partir da disponibilidade do Hospital São Vicente, a quantidade de cirurgias ortopédicas diárias dobrou. A medida retirou inúmeros pacientes das macas nos corredores e trouxe um pouco de alívio e dignidade a quem precisava aguardar por dias as cirurgias, em uma condição desumana que aumentava o sofrimento, as infecções, a morbidade e a mortalidade. O São Vicente ainda funciona com um setor de atendimento ambulatorial, fisioterápico e estudantil que conta com contrapartida da UFJF/GV.

Para surpresa e indignação dos médicos, a atual administração, através da Secretaria Municipal de Saúde, vem se programando para fechar o Hospital São Vicente, retornando o caos para os corredores do Pronto-Socorro do Hospital Municipal, sob a alegação de falta de recursos. A manutenção do anexo representa uma pequena parcela do orçamento mensal da Secretaria da Saúde. Essas despesas se restringem ao aluguel de R$ 27.600 por mês e energia elétrica no valor de R$ 5.000,00, em média.

No dia 20 de julho, o prefeito convocou uma entrevista coletiva para anunciar que a situação da saúde estava “problemática e deficitária”. O chefe do Executivo Municipal pontuou a falta de recursos para manter as atividades e culpou a falta de repasses do Estado e da União.

O atual gestor foi e é aliado do governador Zema e defensor do ex-presidente Bolsonaro. Ambos responsáveis por alguns dos mais sérios problemas que enfrentamos em Minas e no Brasil. Postura do gestor local, no mínimo, incoerente.

Pelo que temos notícias, o problema não é de agora. Em outubro do ano passado, um homem foi preso suspeito de receber material hospitalar da prefeitura de Governador Valadares, comprado de forma ilícita para revenda em consultórios da região metropolitana de Belo Horizonte.

Também no ano passado, no mês de março, um médico registrou um boletim de ocorrência denunciando a falta de insumos no Hospital Municipal.

A secretaria de Saúde chegou ao cúmulo de transferir pacientes para cidades distantes mais de 1.000 km de Valadares, com o intuito de realizar cirurgias que eram antes feitas aqui. Os pacientes ficam dias onerando o hospital e, quando são transferidos, quem recebe pela cirurgia é o município que realizou o procedimento. Com isso Valadares aumenta a despesa e diminui o faturamento.

A falta de recursos não parece ser verdade, uma vez que o gasto apurado com OPME no Hospital Municipal, no período de junho de 2022 a junho de 2023, foi de apenas R$ 872.100,00. Por outro lado, a prefeitura licitou contratação de coffee break para a Secretaria Municipal de Saúde no valor de R$ 980.000,00, por 12 meses, e, pasmem, R$ 3.971.000,00 para atender à Secretaria Municipal de Educação. Parece mentira! Mas não!

Em uma articulação do governo do Presidente Lula com a Ministra Nísia Andrade, reivindicamos e acertamos o investimento de R$ 180 milhões para a saúde em Minas Gerais, incluindo R$ 15,9 milhões para recomposição do teto financeiro do Hospital Municipal e R$ 3,1 milhões para a oncologia do Hospital Samaritano. Estamos atentos aos problemas que afligem nossa cidade e não vamos nos furtar à luta.

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