Representantes da Prefeitura de Governador Valadares e da Polícia Militar confirmaram, na manhã desta quinta-feira (17), durante coletiva com a imprensa ocorrida na 8ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), que o carnaval de rua do bairro Carapina, o Carnapina, não poderá acontecer este ano no morro, como nos últimos 8 anos.
Na reunião com a imprensa, para dirimir dúvidas, o primeiro a falar foi o diretor de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura, Kevin Figueiredo. Depois de explicar o passo a passo para a liberação de eventos na cidade, ele informou que a Comissão de Monitoramento de Eventos Esportivos e Culturais (Comoveec) atua principalmente a partir de atrações de grande impacto, como seria o Carnapina.
E que neste ano, na 9ª edição da festa, foi detectado que a área por onde passam os foliões, na rua Itanhomi, comporta, no máximo, 2,5 pessoas por metro quadrado, ou um total de 1.875 pessoas.
Desde 2015, esse número ficou para trás e a presença de foliões de outros bairros e outras cidades só aumentou. O crescimento da atração, no entanto, acabou deixando pequeno o espaço do desfile e sua realização no local de costume é vista pelos órgãos que integram o Comoveec, em especial a polícia militar e a prefeitura, como uma “tragédia anunciada”.
Dessa forma, a comissão, que tem 7 membros do governo, entre os 12, incluindo a presidência do órgão, resolveu indeferir a festa no local, como forma de preservar a segurança dos participantes.
O problema do Carnapina, como dito pela PM, é físico. E é mesmo, sem dúvida. Afinal, a expectativa era o carnaval temporão atrair, este ano, umas 8 mil pessoas que se espremeriam na rua Itanhomi, que apesar de estreita, mostrou, nos últimos anos, que lá tem lugar para todos. E o mais importante: sem o registro de nenhuma ocorrência significativa.
Dilema
A folia estava programada para o dia 16 de fevereiro e agora os organizadores, que ainda não chegaram a um consenso sobre a mudança ou não do local, correm contra o tempo para resolver o dilema e garantir a tradição. Uma das alternativas, sugerida pelo governo, é realizar o carnaval na parte baixa do bairro, na rua Caratinga, uma via menor, porém mais larga.
A outra, menos provável, é fazer o evento na mesma data e hora do Trupico do Lalá, carnaval de rua da Ilha dos Araújos, o que traria um grande esvaziamento de público no Carnapina, garantindo, de forma mais tranquila, a presença dos moradores do bairro e adjacências, foco da atração.
A proposta foi considerada pelo diretor Kevin Figueiredo como inviável, devido à falta de efetivo na PM e Corpo de Bombeiros para garantir a segurança de dois eventos simultaneamente.
Um fato, inclusive, preocupante: uma cidade com quase 300 mil habitantes sem efetivo do Estado suficiente para prestar apoio em apenas dois eventos com duração máxima de 6 horas.
Estrutura
Um outro problema que a organização teria que enfrentar, caso o evento fosse autorizado, seria de infraestrutura. A rua Itanhomi, por onde passam a escola de samba e os foliões, está com sérios problemas na pavimentação e canalização. Sem manutenção adequada, os bueiros encontram-se entupidos e a rua está literalmente afundando. A Secretaria de Obras já recebeu ofícios da comunidade solicitando reparos, mas até hoje nenhuma equipe compareceu ao local, segundo contam os moradores.
Investimento
Enquanto Valadares segue esvaziando as poucas manifestações existentes e ignorando a necessidade de priorizar uma agenda de atrações turísticas baseada na cultura local, como o fomento dos carnavais de rua, por exemplo, outras cidades, como Belo Horizonte, que alguns anos atrás não contava com nenhuma programação carnavalesca, hoje já atrai um público médio de mais de 4 milhões. O resultado é que em 2018, moradores de BH e foliões de todo canto do país e do mundo, deixaram na cidade mais de R$ 600 milhões.
Para este ano, a estimava é que 590 blocos garantam a folia em várias partes da cidade. Organização, apoio da indústria e comércio e muita vontade política levaram a capital mineira a ser considerada, este ano, na opinião dos internautas, o segundo melhor carnaval do Brasil, deixando para trás outros mais tradicionais como Rio, Recife e São Paulo e perdendo apenas para Salvador, líder isolado.
Organização e vontade política. Tudo que Valadares não tem.
Essa é sua infeliz opinião. Ô jornalzin fulero