Dando sequência à turnê do espetáculo “Auto da Compadecida”, o Grupo Maria Cutia de Teatro chega, pela primeira vez, às cidades mineiras de Aimorés, em 8 de junho, quinta; Resplendor, no dia 9 de junho, sexta; em Conselheiro Pena, no dia 10 de junho, sábado; e encerra a viagem em Tumiritinga, no dia 11 de junho, domingo.
Antes disso, haverá ainda uma apresentação na cidade capixaba de Baixo Guandu, nesta quarta-feira, dia 7 de junho, às 19h30, na Praça São Pedro.
Além do espetáculo, o grupo oferece oficina de teatro a estudantes de arte, educadores e interessados em geral, intitulada ‘Auto no Ato’, que propõe uma vivência cênico-musical com técnicas de canto e expressão vocal a partir da pesquisa feita pela trupe para a montagem do ‘Auto da Compadecida’.
As inscrições devem ser feitas pelo link na bio do instagram: @grupomariacutiadeteatro. Vagas: 25 | duração: 3h. As duas atividades são gratuitas e contam com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura.
Espetáculo
Inspirado na abordagem mítica brasileira do famoso anti-herói ou herói sem caráter, em ‘Auto da Compadecida’ o Maria Cutia narra as aventuras picarescas de João Grilo e Chicó, que começam com o enterro e o testamento do cachorro do Padeiro e de sua Mulher, e acabam em uma epopeia milagrosa no sertão envolvendo o clero, o cangaço, Jesus, Maria e o Diabo.
“Desde o início, a ideia era fazer um espetáculo para a rua”, explica Leonardo Rocha, ator e fundador da trupe. Ele lembra que quando a peça começou a circular, a maioria dos festivais era praticamente no formato palco. “Tem uma coisa na poética do grupo que é ser essencialmente de rua, a gente nunca faz um espetáculo pensando que vai ser só palco. E como nesta turnê só vamos apresentar em espaços ao ar livre, a expectativa está grande por aqui”, revela.
Na versão mineira e tropicalista, os atores cantam, ao vivo, canções de Roberto Carlos, Caetano Veloso, entre outros grandes nomes da música brasileira. Nos cenários e figurinos, criados por Gabriel Villela, referências fortes do barroco mineiro. A releitura aborda com pitadas de humor e ironia temas já explorados na obra do gênio pernambucano, como o racismo, a ganância, a exploração da fé alheia, conferindo ao texto de Suassuna um ar brechtiano. O olhar político (sem didatismo ou partidarismo), desprendido do enredo original, aproxima o autor pernambucano dos acontecimentos da política brasileira atual.
Oficina
A oficina gratuita ‘Auto no Ato’ será oferecida para artistas, estudantes de arte, educadores e interessados em geral em cada umas das cidades percorridas. “Propomos jogos de improviso com o objetivo de compartilhar nossa experiência e vivência cênica enquanto coletivo, usando várias linguagens como a música, o teatro, a palhaçaria”, adianta a produtora da trupe Luisa Monteiro.
Maria Cutia
Com trajetória de quase 20 anos, o Grupo Maria Cutia de Teatro, premiada companhia de Belo Horizonte (BH) – que já percorreu seis países e todas as regiões do Brasil –, traz uma releitura do texto de Ariano Suassuna, com direção e concepção geral do célebre diretor Gabriel Villela (SP).
“Faz muito tempo que a gente não realiza uma turnê grande com o Auto da Compadecida”, conta Leonardo Rocha. O espetáculo estreou em 2018, porém, com a pandemia, foi preciso cancelar a participação em diversos festivais no Brasil. “É um espetáculo muito bonito visualmente, muito popular, não só pelo texto, mas pela encenação, e a gente é um grupo que gosta de viajar e conhecer pessoas”, diz.
“Muitas vezes as pessoas ficam sabendo da peça porque passam pela Praça. E esse encontro não programado é muito saboroso, porque a gente conhece gente que talvez não fosse assistir ao Maria Cutia, se não fosse pelo acaso, que só o teatro de rua pode proporcionar e que dá ainda mais sentido”, comenta a atriz e fundadora do grupo Mariana Arruda.
Serviço
GRUPO MARIA CUTIA EM TURNÊ COM ‘AUTO DA COMPADECIDA’
Texto: Ariano Suassuna
Concepção e direção geral: Gabriel Vilela
Baixo Guandu (ES)
Espetáculo
7 de junho, quarta-feira – 19h30 – Praça São Pedro.
Oficina ‘O AUTO no ato’
7 de junho – 13h
Auditório da Câmara Municipal
Av. Carlos Medeiros, 231 – Centro, Baixo Guandu – ES.
Aimorés (MG)
Espetáculo
8 de junho, quinta-feira – 20h – Rua Cel Francisco Correa de Barros
(em frente ao Ginásio Poliesportivo).
Oficina ‘O AUTO no ato’
8 de junho, 10h, no Ginásio Poliesportivo
Resplendor (MG)
Espetáculo
9 de junho, sexta-feira, 19h, Praça Pedro Nolasco, Centro – Resplendor.
(em frente à Prefeitura).
Oficina ‘O AUTO no ato’
9 de junho, sexta – 10h
Auditório da Prefeitura – Praça Pedro Nolasco, Centro.
Conselheiro Pena (MG)
Espetáculo
10 de junho, sábado, 20h – Praça Matriz.
Oficina ‘O AUTO no ato’
10 de junho, sábado, às 10h
Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer.
Avenida José Maurício de Vasconcelos, 1915, Centro.
Tumiritinga (MG)
Espetáculo
11 de junho, domingo, às 20h
Rua da Praça em frente a prefeitura.
Av. Amazonas, em frente a Prefeitura
Oficina ‘O AUTO no ato’
11 de junho, domingo, 10h
Escola Municipal Prof. Alcina Silva de Miranda
Avenida Amazonas, nº 890, Centro, Tumiritinga.
Ficha técnica
Espetáculo: Auto da Compadecida
Texto: Ariano Suassuna
Concepção e direção geral: Gabriel Villela
Assistente de Direção: Lydia Del Picchia
Elenco completo do espetáculo: Leonardo Rocha, Hugo da Silva, Mariana Arruda, Dê Jota Torres, Malu Grossi, Marcelo Veronez e Polyana Horta
Preparação Vocal: Babaya
Direção Musical: Babaya, Fernando Muzzi e Hugo da Silva
Cenário e Figurino: Gabriel Villela
Assistente de Figurino: José Rosa
Coordenação do Ateliê Gabriel Villela: José Rosa
Pintura de Arte: Rai Bento
Iluminação: Richard Zaira e Pedro Paulino (CiaTecno)
Consultoria de sonorização: Vinícius Alves
Fotografia: Tati Motta
Produção: Luisa Monteiro – Grupo Maria Cutia
Mais sobre o Grupo Maria Cutia de Teatro
É uma companhia de teatro que nasceu em Belo Horizonte, em 2006, e desde então apresenta seus espetáculos em praças, parques e ruas de Minas Gerais, do Brasil e do mundo. Nos últimos anos, aventurou-se em produções criadas para palcos e também adaptou suas obras de rua para teatros fechados.
Como frentes de pesquisa artística, o grupo trabalha com o diálogo entre música e teatro, numa investigação autoral que denomina música-em-cena. Em todos os seus espetáculos, a trilha é executada ao vivo pelos atores, em uma pesquisa que alia dramaturgia à canção.
Em 2019, o Grupo Maria Cutia estreia o espetáculo Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, com Gabriel Villela para ruas e palco. Além dessa montagem, a companhia tem ativo em seu repertório três espetáculos de teatro de rua e de grupo (também possíveis de serem encenados em palcos de teatros), dois shows cênicos e um espetáculo de palco, solo do ator Leonardo Rocha, com direção de Eduardo Moreira.
A partir de diferentes linguagens – do jogo do palhaço, das máscaras expressivas, do ator brincante, do cancioneiro de Chico Buarque, dos textos clássicos da dramaturgia ou de uma dramaturgia original criada em processo colaborativo –, cada espetáculo foi elaborado de uma forma distinta, mas sempre pensado com um olhar especial e atento para o seu espectador. Desta forma, o grupo busca um teatro amplo, autoral, simples e com qualidade artística, que tem em seu público o principal interlocutor nas apresentações.
Em 2011, o Grupo Maria Cutia inaugurou sua sede, a Toca da Cutia, em Belo Horizonte. O espaço, que já recebeu oficinas, ensaios abertos, espetáculos e encontros com diversos artistas nacionais e internacionais, é o ambiente de pesquisa onde a Cia desenvolve suas perscrutações estéticas sobre a música-em-cena e o teatro de rua, além das máscaras expressivas e da linguagem do palhaço. Na Toca da Cutia acontecem também treinos e cursos de formação em palhaçaria ministrados pelos artistas do Maria Cutia.
O Grupo Maria Cutia já se apresentou em seis países. No Brasil, percorreu 19 estados e mais de 150 cidades brasileiras para um público superior a 400 mil espectadores em seus 13 anos de história.