O transporte clandestino de passageiros tem sido, há vários anos, um grande problema para Governador Valadares. Agindo em pontos bem conhecidos dentro da cidade, os clandestinos passam o dia aliciando passageiros, retirando-os de taxistas e de empresas de ônibus intermunicipais que atuam legalmente.
Outro fator que gera grande reclamação entre os taxistas é a atuação de motoristas de aplicativos. Em maio deste ano, o STF julgou inconstitucional lei municipal que proíbe o transporte por aplicativo.
No entanto, em Governador Valadares não há nenhuma regulamentação para o serviço, o que facilita muito a vida dos clandestinos.
Não é segredo os locais em que taxistas de outras cidades e motoristas que se dizem de aplicativos fazem ponto em busca de passageiros.
Rua Belo Horizonte, entre as ruas Marechal Floriano e Caio Martins; nas proximidades da antiga Unimed; próximo a hospitais; próximo à Estação Rodoviária e na Estação Ferroviária são apenas alguns dos pontos facilmente identificados.
Na Estação Ferroviária, por exemplo, nos horários de chegada dos trens de passageiros, motoristas quase vão às vias de fato. Alguns chegam a agarrar quem chega de viagem para tentar fazer a corrida.
Veja abaixo o vídeo que O Olhar recebeu mostrando a ação de motoristas e alguns mototaxistas. Entre gritos de ‘táxi’, há também gritos anunciando a linha que os motoristas fazem.
“Na Estação Ferroviária é uma vergonha. De vez em quando a gente quase apanha dos clandestinos. E não adianta porque ninguém fiscaliza lá”, reclamou um taxista que não quis se identificar.
O anonimato parece ser comum entre a grande maioria dos taxistas que trabalha dentro da lei. Muitos têm medo de aparecer e sofrer alguma retaliação dos clandestinos.
O Olhar tentou conversar com alguns motoristas regulares mas os que aceitaram, só o fizeram com a condição de não se identificarem.
Aplicativos
Em Governador Valadares existem, atualmente, 4 ou 5 aplicativos de transporte, mas ainda não há regulamentação de nenhum deles. Esta é outra reclamação constante entre os taxistas profissionais.
“Por que a gente tem que passar por toda fiscalização, pagar todas as taxas e os motoristas de aplicativos não? Não somos todos iguais perante a lei?”, questiona outro taxista.
Para tentar pelo menos competir com os aplicativos de transporte, taxistas de Governador Valadares agora têm o seu próprio app. O Wise Táxi tem o propósito de fazer um serviço semelhante ao dos outros aplicativos, com a segurança de um motorista regularizado.
Ainda assim, não são todos os taxistas profissionais que aderiram ao serviço. Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas de Valadares e Região, Antônio Fernandes, alguns já aderiram.
“Se todos os taxistas de Valadares, ou pelo menos a maioria, se juntassem neste aplicativo, que tem um preço razoável na operação, já seria uma forma de combate aos outros serviços”, ressaltou.
Antônio Fernandes explicou que, com o aplicativo, o passageiro, assim como nos outros, já fica sabendo o valor a ser pago no momento em que solicita o táxi.
“É mais aconselhável usar nosso app. Já temos bastante passageiros usando e as pessoas têm mais confiança no táxi”, disse ele, completando que, em Valadares, hoje, existem 120 táxis atuando em 18 pontos espalhados pela cidade.
Empresas de ônibus também são prejudicadas por clandestinos
As empresas de ônibus intermunicipais da região também estão sofrendo com a ação de clandestinos. Muitos taxistas de outras cidades próximas fazem corridas para Governador Valadares, tirando passageiros dos ônibus.
Na cidade, enquanto os passageiros cumprem seus afazeres, a maioria dos motoristas fica circulando, gerando corridas até o retorno ao local de partida.
Alcinéia Frasson Cecato Cabral é administradora da Viação Cecato e afirma que o prejuízo causado pelos clandestinos “é imensurável, tanto para as empresas quanto para o Estado, que deixa de arrecadar em função da diminuição da receita das empresas”.
Segundo ela, a ação dos clandestinos está levando as empresas a cancelarem horários e até paralisarem linhas, obrigando-as a demitir funcionários.
Alcinéia informou que a empresa está operando no limite mínimo do aproveitamento operacional e já suspendeu o atendimento em três cidades pela inexistência total de demanda.
“Já reduzimos horários e não descartamos a possibilidade de novas intervenções”, afirmou ela, por e-mail.
A administradora revelou ainda que a empresa é mais prejudicada nas cidades de Itabirinha e São Geraldo da Piedade. Na primeira, disse ela, há 15 táxis e três carros particulares que captam passageiros. Em São Geraldo da Piedade, quatro táxis e dez carros particulares.
Alcineia contou ainda que a captação de passageiros é feita “habitualmente, sem nenhum tipo de repressão por parte dos órgãos fiscalizadores”.
Ela cita pontos como o do Bar do Zezinho, na esquina das ruas São Paulo e Caio Martins, e também o da esquina das ruas Belo Horizonte e Caio Martins, ambos próximos à Rodoviária.
“Os veículos clandestinos saem sempre alguns minutos antes dos horários dos ônibus, fazendo a mesma rota, aliciando os passageiros nos pontos de ônibus estabelecidos pelo DER”, frisou.
Continuando, disse que “é importante alertar aos usuários o risco que eles correm por utilizar esse tipo de transporte, que não possui nenhuma garantia em caso de acidentes e o pior: o serviço regular de transporte de passageiros poderá ser desmobilizado em função da inexistência de demanda. Dessa forma, os usuários ficarão à mercê dos clandestinos, que cobrarão o valor que quiserem e viajarão quando quiserem”, concluiu.
Fiscalização
O tenente Elício Pereira da Silva, subcomandante da 8ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária (PRv), explicou que são feitas “diversas operações diuturnamente relativas à prevenção e repressão criminal, incluindo operações relativas à embriaguez ao volante, porte de armas, drogas, roubo de carga e transporte irregular de passageiros”.
Segundo o policial, o trabalho da PRv se restringe às estradas estaduais. No entanto, caso encontrem situações dentro do perímetro urbano, são tomadas as medidas, normalmente.
Elício falou ainda que, entre outros fatores, os policiais observam a placa vermelha (no caso do táxi), o taxímetro e a CNH do motorista com a observação de que exerce atividade remunerada.
O subcomandante frisou que o taxista não pode, de forma alguma, fazer o serviço que os ônibus já fazem, ou seja, não pode sair coletando passageiros ao longo do trajeto.
De acordo com ele, nos primeiros meses de 2019, mais de 1550 veículos foram fiscalizados nas operações, com cerca de 57 autuações específicas de transporte clandestino de passageiros.
O Olhar tentou contato com o DER e com a Prefeitura de Governador Valadares para saber como estão as fiscalizações e, no caso do município, o andamento da regulamentação dos aplicativos de transporte, mas não houve sucesso.
*mais de 1550 veículos foram fiscalizados nas operações, com cerca de 57 autuações específicas de transporte clandestino de passageiros.
3.5% eita vontade!!! a cada 100.000,00 18% são R$18.000,00 que o estado tem de prejuízo, isso é seu salário, sua saúde e principalmente sua segurança……..
com a palavra o DER,PMMG,MP,TJMG,PMGV……….