COMITÊ DE CRISE FAZ EXIGÊNCIAS À VALE NO CASO DE ROMPIMENTO DE BARRAGEM

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Comitê de crise exige atenção da Vale
Comitê de crise em Valadares faz exigências à Vale para garantir atendimento à população, caso barragem se rompa. Foto: Fábio Monteiro

O Sistema de Comando de Operações (SCO), de Governador Valadares, assinou, na tarde desta segunda-feira (20), um ofício para enviar à Vale com uma lista de exigências para que o abastecimento de água da população não seja prejudicado, caso a barragem da mineradora, em Barão de Cocais, se rompa.

Existe o risco de que o rompimento de um talude, previsto para esta semana, acione o gatilho para o rompimento da Barragem Superior Sul, localizada na mina de Gongo Soco.

Entre a lista de exigências estão mais 30 mil litros de polímeros para o tratamento da água com nível alto de turbidez; 500 mil litros/dia de água mineral para distribuir entre a população; a logística dessa distribuição; e a antecipação da entrega da nova captação de água para Governador Valadares, prevista ainda para março de 2021.

Segundo o prefeito de Valadares, André Luiz Merlo (PSDB), porta-voz do SCO, caso a barragem se rompa, os rejeitos devem chegar à cidade em aproximadamente seis dias, mas em volume bem menor que 2015, quando a barragem da Samarco (VAle-BHP Billinton) se rompeu em Mariana.

Num possível rompimento da Barragem Superior Sul, na Mina de Gongo Soco, o volume de rejeitos que chegaria em Valadares, pelo rio Doce, é de um quinto do volume da barragem da Samarco, de 2015. O prefeito lembra que existem usinas e centrais hidrelétricas que podem reter parte da lama, mas a água é inevitável que chegue.

O coronel Sebastião Pereira de Siqueira, diretor Geral do SAAE, voltou a afirmar que a autarquia está preparada para fazer o tratamento da água em alto nível de turbidez. Segundo ele, diferente de 2015, quando a cidade chegou a ficar 8 dias sem abastecimento, desta vez as equipes estão preparadas.

Dois ou três dias

No entanto, o diretor do SAAE explicou que é inevitável a interrupção do abastecimento. “Mas, agora a gente vai trabalhar para que isso aconteça em dois ou três dias apenas. Se houver o rompimento, o abastecimento precisa ser interrompido para que as análises sejam feitas para constatar os níveis de metais”, justificou.

Representantes de outros órgãos integrantes do SCO também garantiram ações em caso de crise. O coronel Fabrício Casotti, comandante da 8ª RPM, declarou que a Polícia Militar e a Polícia Civil estarão atentas para os casos de abusos, como os que aconteceram em 2015, quando alguns comerciantes aumentaram os preços da água mineral, explorando o desespero da população.

O inspetor Wendel Kaizer de Freitas, da Polícia Rodoviária Federal, ressaltou que, em caso de rompimento, a lama poderá atingir parte da rodovia BR-381. Mais especificamente, no quilômetro 381, na altura de São Gonçalo do Rio Abaixo.

A PRF já está buscando rotas alternativas, uma delas por Itabira. Além disso, vai apoiar escoltando carregamento de água mineral ou de insumos para o tratamento da água, caso necessite.

Segundo o major Washington Goulart, do Corpo de Bombeiros, a corporação de todo o estado está de prontidão para qualquer tipo de problema. Ele explicou que desde o dia 8 de fevereiro há equipes de bombeiros em Barão de Cocais na prevenção de problemas que possam ocorrer. Treinamentos e retiradas de pessoas de área de risco estão sendo feitos constantemente na cidade.

“10% a 15% de chance de rompimento”

O secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Viana, disse, em entrevista à imprensa da capital nesta segunda (20), que a probabilidade de rompimento da barragem da Vale, em Barão de Cocais, é de 10% a 15%.

“O rompimento do talude, que está a cerca de 1,5 km da barragem, é certo. O que ainda não se pode afirmar é se ela vai aguentar, já que foi classificada como nível 3, o máximo para barragens, o que significa que está na iminência de se romper”, falou.

A presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, Lucinha Teixeira, acredita que os danos poderão ser menores, caso a barragem se rompa. Ela lembra que há, no caminho dos rejeitos, uma pequena central hidrelétrica, de Peti, que deve conter parte do material. Fora as outras cinco usinas e centrais que existem entre a barragem e Valadares.

Ainda segundo Lucinha, órgãos como Ibama e IEF também estão fazendo avaliações de possíveis danos ambientais para estabelecer estratégias de reparação.

Barão de Cocais está a cerca de 270 km de Governador Valadares. Em caso de rompimento da barragem, os rejeitos demorariam cerca de 6 dias para chegar até a cidade.

O SCO é um comitê de crise criado por vários órgãos de Valadares para discutir situações que podem provocar transtornos à população.

 

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