Educação, habitação e empoderamento: o legado transformador de Elisa Costa

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Educação, habitação e empoderamento: o legado transformador de Elisa Costa
A dissertação destaca a educação e a habitação, dois pilares que definiram os mandatos de Elisa Costa. Foto: O Olhar

Outro dia assisti a uma apresentação da dissertação de mestrado da ex-prefeita Elisa Costa. Foi na sexta-feira, a última sexta 13 deste ano. Confesso que me chamou a atenção o tema escolhido: “O protagonismo das mulheres na construção e integração das políticas sociais de educação e habitação em Governador Valadares”.

O estudo não é apenas acadêmico. É também um registro de uma gestão que dividiu a história da cidade em um antes e depois. Elisa governou Valadares de 2009 a 2016, sendo a primeira mulher prefeita do município e a primeira a ser reeleita. E as marcas de seus governos ainda reverberam.

A dissertação destaca dois pilares que definiram seus mandatos: educação e habitação. As políticas de moradia popular implantadas durante sua administração mudaram vidas. Entre 2009 e 2016, Valadares recebeu 4.270 novas unidades habitacionais. Casas e apartamentos, construídos graças a projetos elaborados pela equipe técnica do município, beneficiaram famílias que viviam de favor ou sob aluguel.

Mais do que paredes e telhados, essas casas representaram dignidade e também liberdade. Especialmente para as mulheres, que são historicamente as mais vulneráveis quando faltam oportunidades ou quando estão presas a relações abusivas. Ter um teto é mais do que moradia: é a possibilidade de recomeçar.

A gestão de Elisa foi além. Durante o evento, vimos depoimentos emocionantes de mulheres que atribuíram a essas moradias uma verdadeira salvação. Muitas, com suas casas e seus filhos seguros, puderam retomar estudos, iniciar pequenos negócios, conquistar um emprego formal. Mas não sem um outro exponencial impactante: a educação integral.

Aqui, Valadares se tornou um exemplo único ao implantar um modelo que não era apenas um prolongamento da carga horária escolar, mas uma experiência enriquecida com atividades de esporte, arte, cultura e até mesmo robótica. As crianças do ensino fundamental I e II ficavam nas escolas das 8h às 15h, enquanto as creches funcionavam das 7h às 17h. Com as crianças protegidas e em desenvolvimento pleno, mães puderam conquistar independência.

Olhando para trás, é impressionante constatar como a violência infantojuvenil também foi reduzida. Valadares ocupava o triste primeiro lugar nesse índice no país, mas, no período, essa posição caiu pela metade. Esses dados não são apenas números, são mudanças concretas no cotidiano de famílias que viviam à margem. E, novamente, as mulheres estavam no centro dessa transformação. O que para algumas pode parecer apenas boa gestão, para tantas outras significou sobrevivência, oportunidade, uma chance de sonhar com algo maior.

Mas o legado não para por aí. Durante os dois mandatos de Elisa, Valadares se tornou polo de formação educacional. Foi quando a cidade ganhou a Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares (UFJF-GV) e também o IFMG. Cursos do Polo da Universidade Aberta do Brasil também chegaram ao município, ampliando o acesso à educação superior e técnica para jovens e adultos que antes não conseguiam sair da região para estudar.

Houve críticas, é claro. Como toda administração inovadora, as políticas de Elisa enfrentaram resistências, como a greve geral da educação municipal em 2010, que ainda é lembrada por muitos. Toda transformação gera desconforto, e isso é inevitável. O ponto é: a vida em Valadares melhorou durante aquele período? Para tantas mães, tantos jovens, tantos moradores da periferia que hoje vivem sob seu próprio teto, a resposta é sim.

Agora, em um momento político tão marcado pelo vai-e-vem da perda e reconquista de direitos, é pertinente revisitar esse passado recente e refletir sobre o que significa ter lideranças como Elisa Costa. Sua dissertação nos faz refletir sobre questões fundamentais: o que precisamos fazer para não apenas recuperar o que foi desmantelado, mas avançar ainda mais? Como valorizar políticas que transformam vidas e garantir que elas sejam sustentáveis no longo prazo?

Ao final daquela apresentação, a sensação que ficou foi de que Valadares viveu um período singular durante os governos de Elisa. Não por acaso, ela segue sendo referência quando se fala em gestão voltada para as pessoas que mais precisam. Este é um capítulo que merece ser lembrado. E, acima de tudo, merece inspiração.

Clique aqui para acessar o texto completo da dissertação.

Clique aqui para saber mais sobre a gestão 2009-2016.

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