O empresário Rafael Chagas, dono do restaurante Tsunami, em Governador Valadares, postou um vídeo em suas redes, na manhã desta segunda-feira (15), para defender que está, sim, preocupado com a pandemia, e não apenas com o funcionamento de seu comércio.
Um vídeo que desde ontem (14) circula na internet mostra o empresário, bastante agitado, indagando: “que que eu tenho a ver se tem 30 pessoas lá morrendo?”. Hoje, Rafael afirmou que um trecho de sua fala foi cortado, “dando a entender que não estou nem aí com quem está sofrendo com relação à pandemia”, argumentou.
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Nesse fim de semana, o empresário foi protagonista dos atritos com fiscais da Vigilância Sanitária e policiais militares, após reagir contra o decreto municipal que determina, entre outros, que bares e restaurantes devem encerrar o atendimento presencial a partir das 20h.
No sábado (13), ele e sua equipe de funcionários impediram que os fiscais fechassem as portas do restaurante. A PM estava presente e apenas assistiu o desenrolar das discussões.
Na noite de domingo, no entanto, fiscais e policiais voltaram ao local e, mais uma vez, o empresário se negou a encerrar o atendimento. Desta vez, ele foi detido e encaminhado à delegacia, onde, após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), foi liberado. O restaurante foi interditado.
“Tem que cobrar é do prefeito”
O empresário Rafael Chagas explicou, no vídeo, que o procurador Geral do Município, Elias Souto, que acompanhava os fiscais na noite de domingo, argumentou que os leitos UTI SUS estavam 100% ocupados e “quis jogar a responsabilidade nas costas dos comerciantes”, comentou.
“Eu respondi: a culpa é minha de ter 100% das UTIs ocupadas? a culpa é minha de depois de um ano vocês não terem preparado os hospitais, não terem feito um hospital de campanha para receber não só a população de Valadares, mas de toda a região? a culpa é minha de terem pessoas morrendo?”, contou o dono do restaurante.
Na sequência, Rafael Chagas disse que o último decreto é “uma vergonha, uma injustiça e é ineficaz. Se fosse um decreto justo, que todos os ramos de comércio estivessem incluídos, a gente estaria de acordo, mas escolher só um ramo pra pagar o pato, além de ineficaz, é injusto”, lamentou.
Ele também convidou os que o criticaram para um choque de realidade: “hoje não temos mais auxílio emergencial, não têm mais suspensão nem redução da jornada de trabalho, hoje o trabalhador precisa trabalhar pra levar o sustento pra casa; um garçom da minha equipe tem uma filha com doença crônica, que gasta 700 reais por mês de
remédio, com o fechamento [do restaurante] ele vai perder de 50% a 60% do salário, e como vai pagar o aluguel, comida e o remédio da filha, quem vai lá pagar? o sofrimento dele e da família não importam?”, questionou.
Rafael ainda criticou o fato de ter sido preso por querer trabalhar e aproveitou para alfinetar o prefeito André Merlo (PSDB). “Que país é esse que um trabalhador sai da própria empresa, onde gera emprego e gera imposto, algemado, enquanto outros estão fazendo festas, outros podem trabalhar, outros estão fazendo aglomerações, e enquanto outros querem se eximir da responsabilidade maior? Nós temos um ano de pandemia, você não tem que cobrar de quem quer trabalhar e é comerciante, você tem que cobrar é do prefeito, cadê o hospital de campanha, cadê os leitos de UTI? Nós estamos querendo trabalhar somente”, concluiu.
Veja o vídeo