O morador do bairro Turmalina, Wilson de Souza, gravou um depoimento em que critica a prefeitura de Governador Valadares pela falta de suporte após a morte de sua mãe por suspeita de Covid-19.
Ele é filho de Helena de Souza, a mulher de 68 anos internada no Hospital Municipal, no início da semana, com sinais e sintomas de Covid-19. Ela faleceu na madrugada da última quarta-feira (8).
No vídeo, Wilson conta que a mãe estava muito gripada e procurou uma unidade de saúde no bairro, onde o médico lhe receitou paracetamol e pediu que ela ficasse em casa. Uma semana depois, segundo o filho, ela começou a ter febre, dores na cabeça e nas costas.
A mãe foi levada ao Hospital Municipal e internada com diagnóstico da doença provocada pelo novo coronavírus. “No segundo dia depois de internada ela faleceu. No laudo fala que é gripe aguda causada por Covid”, disse Wilson.
Apesar do laudo do óbito indicar a suspeita de Covid-19, a Secretaria Municipal de Saúde, segundo ele, não teria enviado nenhum profissional de saúde à casa dos familiares de Helena para monitorar quem teve contato com a vítima.
“Quero deixar claro o descaso do poder público. Eles vão à televisão dizer que tá cuidando da população, mas é mentira. Até hoje não veio um médico em minha casa, não veio ninguém aqui olhar ninguém, ninguém perguntar se estamos bem ou estamos mal, pra fazer um exame, fazer uma coleta de material, nada. Só ligaram pedindo pra ficar em casa. É muito fácil pedir para ficar de quarentena, mas cadê o suporte?”, desabafa.
Veja o vídeo:
Moradores temem foco de coronavírus no Turmalina
A comunidade do Turmalina está apreensiva com um possível foco do novo coronavírus no local. O bairro, que tem cerca de 9 mil moradores, contabiliza duas mortes em menos de 10 dias: Helena de Souza (68) e um pastor de 62 anos que veio a óbito na semana passada.
Segundo um líder comunitário do Turmalina, o pastor teria chegado recentemente do Paraguai com sintomas de gripe. Ainda assim, contrário às recomendações de evitar aglomerações, ele teria realizado um culto religioso, além de visitar, em casa, fiéis que não teriam participado.
De acordo com essa liderança, que pediu para não ser identificada, apesar das duas mortes serem suspeitas da doença, “ninguém da prefeitura esteve aqui no bairro para monitorar as pessoas que tiveram contato com o pastor. É uma situação preocupante”, observou ele.
SMS garante que tomou medidas
A Secretaria Municipal de Saúde divulgou que desde o início adotou todas as medidas de segurança sanitária cabíveis para os referidos casos e que foram prestados todos os atendimentos e orientações aos pacientes e também às pessoas próximas, para que adotassem isolamento social determinado pelos decretos municipal, estadual e federal.
Disse ainda que os dois casos foram enquadrados como óbitos suspeitos por infecção por coronavírus. A secretaria, agora, aguarda os resultados das coletas de amostras que foram enviadas à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.
