Galo: 117 anos de uma paixão que não esfria

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Galo: 117 anos de uma paixão que não esfria
Galo comemora 117 anos. Imagem: Reprodução/CAM

Em 25 de março de 1908, um grupo de jovens estudantes em Belo Horizonte deu vida a um sonho, sem saber que estava forjando uma lenda. Nascia ali o Clube Atlético Mineiro, o Galo, que, ao longo dos anos, esculpiu uma trajetória de suor, lágrimas e glória. Cada vitória, cada queda, cada recomeço moldaram um amor que arde como brasa e resiste até nos invernos mais rigorosos.

Em 1950, enquanto o Brasil ainda lambia as feridas da derrota no Maracanã, um bando de bravos cruzava o Atlântico para enfrentar o impossível. No coração do inverno europeu, com o termômetro teimosamente preso entre -12°C e -15°C, o Galo se agigantava diante dos titãs do velho continente.

Munidos de coragem e improviso, os jogadores enfrentaram times como Schalke 04, Hamburgo, Rapid Viena e Anderlecht. Sem luvas adequadas, com uniformes de algodão, eles esquentavam a água para não perder o toque nos pés. Ali, em campos cobertos de neve, o Atlético Mineiro se tornava o primeiro clube brasileiro a conquistar a Europa, provando que nem mesmo o frio mais cortante apaga a chama de quem nasceu para lutar.

Entre as linhas do tempo alvinegro, poucas rivalidades pulsaram tanto quanto a do Galo com o Flamengo. Desde a fatídica Libertadores de 1981, cada encontro entre esses dois gigantes virou capítulo de um épico sem fim. Houve gols anulados, expulsões contestadas, lágrimas de fúria e gritos de redenção. Para o torcedor atleticano, enfrentar o Flamengo não é só futebol: é defender a honra, é manter acesa a memória de batalhas que jamais se apagam.

Em 1978, o Galo encarou o Vasco em uma semifinal do Campeonato Brasileiro que ainda ecoa no Mineirão. Reinaldo, o menino prodígio, esculpiu sua lenda em campo e levou o Atlético à final. Décadas depois, em 2000, o duelo se repetiu, com a mesma intensidade e a velha certeza: quando o Galo entra em campo, o impossível se dobra à sua vontade. Contra outros gigantes como São Paulo, Palmeiras, Internacional e Grêmio, a história foi a mesma – luta, suor e um time que jamais se curva.

Em 2013, o Galo escreveu sua página mais dourada. Em noites mágicas, sob os olhares nervosos de milhões, o Atlético conquistou a América. O milagre de Victor contra o Tijuana, as viradas improváveis e a frase “Eu acredito” entoada como oração. Um ano depois, o Galo ergueu a Copa do Brasil em uma campanha que parecia escrita pelos deuses do futebol. Passando por seus maiores rivais, o time mostrou que quando a Massa acredita, não há obstáculo que resista.

Se há algo mais imortal que o próprio Galo, é sua torcida. Em 2005, diante do rebaixamento, milhares de vozes, entre lágrimas, permaneceram no estádio cantando o hino do clube. Não era fim, era recomeço. Em 2012, quando Ronaldinho Gaúcho chegou em meio ao drama de sua mãe lutando contra o câncer, a Massa o acolheu como um filho. Em campo, ele retribuiu com magia, preparando o caminho para a glória eterna da Libertadores. Mesmo acolhimento dado ao Hulk e aos demais jogadores. Se mineiro acolhe bem, atleticano nem se fala.

Hoje, o Clube Atlético Mineiro celebra 117 anos de um amor que não conhece fronteiras, de um fogo que nem o gelo mais cruel consegue apagar. É mais do que futebol – é fé, paixão, é um coração que bate em preto e branco. Porque enquanto houver um atleticano no mundo, o Galo continuará lutando. E vencendo.

Parabéns, Galo, por 117 anos de história e paixão imortal!

A excursão

A excursão do Clube Atlético Mineiro à Europa em 1950, conhecida como “Campeão do Gelo”, não foi um torneio formalmente organizado, mas uma série de partidas amistosas contra diversas equipes europeias. Os adversários enfrentados pelo Atlético foram:​

  • 1860 Munique (Alemanha)​
  • Hamburgo (Alemanha)
  • Werder Bremen (Alemanha)
  • Schalke 04 (Alemanha)​
  • Rapid Viena (Áustria)
  • Saarbrücken (Alemanha)
  • Anderlecht (Bélgica)​
  • Eintracht Braunschweig (Alemanha)​
  • Seleção de Luxemburgo​
  • Stade Français (França)​

A iniciativa para essa série de jogos partiu de uma comissão ligada à Federação Alemã de Futebol (DFB), que veio ao Brasil em busca de um clube disposto a realizar amistosos na Alemanha e em outros países europeus. O Atlético Mineiro aceitou o convite e tornou-se pioneiro ao representar o futebol brasileiro em solo europeu, enfrentando condições climáticas adversas e adversários de destaque.

Durante a histórica excursão do Clube Atlético Mineiro à Europa, em 1950, conhecida como “Campeonato do Gelo”, a equipe enfrentou temperaturas extremamente baixas. Em algumas partidas, os termômetros registraram entre -12°C e -15°C. Essas condições adversas exigiram que os jogadores improvisassem formas de se aquecer, como esquentar água para evitar que pés e mãos congelassem.

Além disso, o clube não estava adequadamente preparado para o frio intenso, tendo viajado com uniformes de algodão utilizados no Brasil. Para amenizar o clima adverso, os atletas passaram a jogar com agasalhos, mais de um par de meias e luvas de lã, adquiridos na Europa.

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