
Em 6 de julho de 2025, o Partido dos Trabalhadores de Governador Valadares (PTGV) terá uma oportunidade rara e necessária de se reinventar. O Processo de Eleições Diretas (PED), que acontece simultaneamente em todo o Brasil, chega em um momento decisivo para o PT local, que carrega uma trajetória de lutas e vitórias, mas que precisa, urgentemente, olhar para si com mais coragem e, principalmente, com mais coerência.
É hora de encarar uma verdade incômoda: em 45 anos de história na cidade, apenas duas mulheres presidiram o diretório municipal. Nomes como a professora Maria Guimarães e a ex-prefeita Elisa Costa simbolizam raros momentos em que o protagonismo feminino ocupou o centro da engrenagem partidária local.
Mas dois nomes em quase meio século não representam um legado, e sim um alerta.
Apesar de contar com aproximadamente 3 mil filiados, menos de 30% são mulheres. Ainda assim, elas têm sido maioria nos resultados. Basta lembrar que o PT esteve à frente da Prefeitura de Valadares por três mandatos, dois deles conduzidos por uma mulher. E nas últimas eleições municipais, mesmo sendo minoria na chapa de 32 candidaturas, duas mulheres foram eleitas vereadoras: Gilsa Santos e Sandra Perpétuo.
Não por acaso, ambas estão hoje entre as principais defensoras da renovação partidária, juntamente com Elisa Costa.
Esse contraste entre a pouca presença numérica e a produtividade das mulheres dentro do PT de Valadares exige mais que palmas em plenárias: exige ação. O momento do PED é esse sopro de esperança, mas também um teste de coerência. Não basta ao partido levantar bandeiras progressistas para fora se, por dentro, ainda cultiva práticas envelhecidas, concentradoras, misóginas e machistas.
A juventude também precisa ter espaço. O envelhecimento das lideranças e a ausência de renovação de quadros têm esvaziado o fôlego do partido na cidade. Muitos dos que levantavam bandeiras, até ontem, já não se mostram dispostos a encarar a agenda política, nem parecem preparados para dialogar com uma nova geração de militantes e demandas.
Não se trata de apagar legados, mas apenas de entender que a continuidade só existe quando se planta futuro.
A eleição de uma mulher jovem para a presidência do PT de Valadares não é só simbólica, é estratégica. Representaria o compromisso real com a paridade de gênero e com a inclusão da juventude, pautas previstas no próprio regulamento do PED. E mais: seria uma resposta à estagnação vivida pelo partido na última década, período em que deixou de dialogar com a cidade temas importantes para a sociedade.
Neste momento, o interesse em manter espaços pessoais não pode ser maior do que o compromisso de repensar o projeto político local. Qualquer resistência à mudança pode custar caro ao partido. Sem renovação de lideranças, o PT corre o risco de se tornar uma sigla do passado, e não do futuro.
É preciso mais que discursos bonitos em redes sociais. É hora de o partido praticar, dentro de casa, aquilo que defende para a sociedade: mais mulheres no poder, mais jovens na política, mais diversidade na liderança.
O PED, cujo prazo para apresentação de chapas termina nesta segunda-feira (14), é a chance de começar essa transformação. E Governador Valadares pode, e deve, ser o ponto de partida.
“É hora de virar a chave.”