Movimentos sociais de Governador Valadares e Região do Vale do Rio Doce lançaram na tarde desta terça-feira, 25 de julho, data em que se comemora o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, o Fórum Permanente de Combate à Violência no Campo e na Cidade.
A finalidade da instância é discutir, mobilizar e implementar políticas públicas de enfrentamento à violência contra lavradores, agricultores, cuidadores de animais e outros que vivem e trabalham nas zonas rurais, campos e fazendas.
O lançamento do fórum contou com duas programações:
13 h – Concentração na Agrovila Oziel Alves Pereira, em Governador Valadares;
14 h – Marcha da Agrovila até o Lote n° 13, Casa do Zé dos Peixes (onde será instalado o
Memorial Zé dos Peixes), margem da BR 116 na altura do Km 402.
O agricultor José Silva do Nascimento, conhecido com Zé dos Peixes, foi assassinado na manhã do último dia 12 de junho, dentro de sua casa, no assentamento Oziel Alves Pereira.
Assinam o manifesto de criação do Fórum Permanente os movimentos sociais: Centro Agroecológico Tamanduá (CAT), Cáritas Diocesana de Governador Valadares, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cooperativa Regional de Economia Solidária (Cresafa), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), União Operária, Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR-GV), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Acoap.
E ainda os deputados estaduais Beatriz Cerqueira, Betão e Leleco; e deputados federais Leonardo Monteiro, Rogério Correia e Padre João.
Confira a íntegra do documento
“É visível o estado de degradação a que levaram o nosso país após o golpe de 2016, que
retirou da Presidência da República a Presidenta Dilma Rousseff.
A falácia do combate à corrupção foi apenas um pretexto das elites para dar um golpe e
desmontar todo um projeto de país que tinha como objetivo a política de inclusão social e o
desenvolvimento econômico e cultural na vida dos trabalhadores e trabalhadoras, dos pobres deste país.
A partir de então, estava aberto o caminho para a implantação da barbárie.
Hoje, seis anos depois, colhemos os resultados dessa política perversa: o desemprego,
desamparo das famílias mais vulneráveis, discursos de ódio que tomou conta de todos os
segmentos da sociedade, desde o Judiciário, Ministério Público até as mais variadas
instituições e convicções religiosas.
A vida humana perdeu o valor, a solidariedade deu lugar ao ódio e à vingança, ninguém mais se sente seguro, nem dentro da própria família. A violência tomou conta da nossa sociedade, as agressões e os assassinatos, parecem que não nos abalam mais.
Com a eleição do Presidente LULA renasce a esperança, com os desafios de por fim ao
desmonte do Estado Brasileiro que estava em curso, de um governo medíocre, que inclusive negou a vacina na pandemia da COVID-19, o genocídio dos povos Yanomamis e o Brasil subserviente perante a comunidade internacional.
Abortamos um golpe militar e a democracia venceu. Retomamos os programas sociais e o Brasil foi recolocado no cenário mundial como país soberano.
Ainda não desfizemos a máquina de crueldade que foi montada, que estimula a violência, o
desrespeito à vida e a eliminação de quem julgar conveniente.
No meio rural, além dos vários assassinatos não esclarecidos, no dia 12 de Junho de 2023
tivemos mais um assassinato do companheiro Zé dos Peixes, assassinado brutalmente em
plena luz do dia, dentro de sua própria residência e, se não bastasse, as ameaças continuam sobre seus parentes e amigos.
A partir desses fatos as entidades, juntamente com todos aqueles que não suportam mais
este estado das coisas, decidiram pela criação de um Fórum Permanente de Combate a
Violência no Campo e na Cidade em nossa região do Vale do Rio Doce.
Todos estão convidados a engrossar essa fileira.
No dia 25 de julho comemoramos o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, nesse dia
e seguintes o Fórum promoverá uma grande campanha de mobilização, com debates e
audiências públicas sobre o tema da violência e cobrando das autoridades a apuração dos
crimes cometidos nas nossas comunidades”.