Uma mulher de 39 anos foi presa nesta sexta-feira (28), por falsidade ideológica, ao apresentar os documentos da filha ao ser atendida no Hospital Municipal, em Governador Valadares.
O caso fica mais intrigante quando a verdadeira história vem à tona. Em uma possível inseminação artificial, ela engravidou do namorado da filha, que chegou a simular uma foto internada. O bebê morreu e o caso vai ser investigado pela Polícia Civil.
Segundo ocorrência da Polícia Militar, Elvira Maria do Nascimento, 39, deu entrada no Hospital Municipal por volta de 16 horas, depois de dar à luz a uma criança de 40 semanas, em casa. Durante o parto, a criança teria morrido. Ela se identificou como Glaucilene Silva Monteiro, 19 anos.
A mulher foi internada e o comportamento da acompanhante dela chamou a atenção dos servidores. Ela se identificou como prima e deu também o nome de Glaucilene, o que causou estranheza dos servidores.
A suposta prima da paciente ainda se deitou na cama dela e colocou um travesseiro na barriga, se cobrindo com um lençol e tirando uma foto, que foi postada em uma rede social. Ela ainda teria dito a uma outra paciente que havia dado a luz a uma criança e que estava internada desde o dia anterior.
A PM foi acionada e acabou descobrindo que a paciente, na verdade, se chamava Elvira Maria e que ela é mãe de Glaucilene. Na manhã de quinta-feira, por volta de 8 horas, segundo o boletim de ocorrência, ela deu entrada no hospital com sangramento e fortes dores.
Avaliada pelo médico de plantão, ela foi liberada e teria, por volta de 15 horas, já em casa, voltado a sentir dores, dando à luz a um bebê que acabou morrendo, segundo a mulher, por ter caído de cabeça no chão. Acionado, o SAMU constatou a morte da criança.
Elvira Maria disse aos policiais que engravidou por meio de inseminação artificial caseira. Glaucilene colhia o sêmen do namorado e, com uma seringa, inseria em sua vagina. Tal procedimento teria sido realizado dez vezes e, segundo a mulher, sem o conhecimento do namorado da filha.
Glaucilene contou aos policiais que teve a ideia depois de assistir a um vídeo na internet. Elvira Maria alegou ter aceitado a inseminação porque a filha não poderia engravidar novamente. Além da foto no hospital, simulando estar internada, Glaucilene também fez uma postagem acusando o médico que a atendeu de ser o responsável pela morte da filha da mãe dela.
Elvira Maria está internada sob escolta policial e, assim que receber alta, será encaminhada à Delegacia Regional pelo crime de falsidade ideológica.
A Prefeitura se recusou a falar sobre o assunto com O Olhar. Foi enviado um e-mail pedindo posicionamento sobre a questão, mas até o início da noite desta sexta (28), nenhuma resposta foi enviada.
Contrações
O médico ginecologista Fernando Carvalho, que atendeu a paciente, falou, em entrevista à Intertv dos Vales, que examinou Elvira Maria na manhã de quinta e percebeu que ela ainda não estava em trabalho de parto.
“Estava em início de trabalho de parto. Eu escutei o neném. Batimento cardíaco presente, tudo bacana, bolsa íntegra”, disse ele que orientou a mulher a voltar para casa e retornar quando as contrações aumentassem.
O médico contou que às 15h30 a mulher foi levada novamente ao hospital, pelo SAMU, já com o feto morto. “A gente não sabe o que aconteceu”, disse ele, relatando que a filha de Elvira ainda tirou as fotos dentro do quarto, se passando por grávida.
“Hoje cedo eu cheguei no hospital e vi a filha colocando travesseiro como se estivesse grávida, postando foto deitada na maca, coberta com lençol. Ela não estava grávida porque eu a vi diversas vezes. E postou foto de um exame pedido por um médico residente. Expondo o médico e nos acusando de ter matado o filho dela”, disse o ginecologista.
O fato foi levado ao IML, onde passará por exames para que seja detectada a causa da morte. A Polícia Civil vai investigar o caso.