O jornalista e ex-ministro Nilmário Miranda esteve na manhã deste sábado (27) em Governador Valadares para o lançamento do livro “Histórias que vivi na História”.
Dividida em nove capítulos e 320 páginas, a obra é um testemunho pessoal do autor sobre o Brasil político dos últimos 56 anos. Um testemunho de quem sentiu na pele os efeitos da repressão militar de 1961 e 1964.
O relato começa pela formação política em Teófilo Otoni (MG), aos 14 anos, passa pelo período de clandestinidade, prisão política em 1968, resistência, até chegar ao atual cenário político brasileiro.
Nilmário apresenta um balanço dos avanços e retrocessos das conquistas sociais no Brasil, sobretudo a partir da Constituição “Cidadã” de 1988. Destaca a contribuição do PT e de outros partidos de esquerda na redução das desigualdades e da injustiça, mas não deixa de reconhecer erros políticos desses grupos, o que contribuiu para “o golpe parlamentar de 2016”.
A obra aponta, ainda, os estragos do “governo ilegítimo”, como “a erosão do Estado Democrático de Direito” e o “desmanche das conquistas sociais”.
O jornalista revela que a conjuntura política do país impulsionou o processo de escrita. “Decidi escrever Histórias que vivi na História depois do golpe de 2016, que liberou tanta intolerância, violência e ódio. Nossa geração não esperava que fôssemos viver de novo tanto retrocesso. Cada um tem o dever e a obrigação de fazer o que sempre fazemos: lutar, e, não havendo o que fazer, lutar”, conta o Nilmário na introdução do livro.
Primeiro ministro dos Direitos Humanos do Brasil, no governo Lula da Silva e secretário da mesma pasta no governo de Minas Gerais, Nilmário nos dá a visão de um Brasil que muito já caminhou, mas ainda tem um longo percurso a cumprir para se tornar de fato um Estado Democrático em toda a plenitude.
O lançamento aconteceu neste sábado, às 10 horas, no auditório da União Operária. Nilmário Miranda já percorreu 47 cidades e 11 capitais fazendo o lançamento da publicação.
A obra foi publicada pela Geração Editorial e está sendo vendida a R$ 40,00, na sede do Partido dos Trabalhadores (PT), rua Caio Martins, 238, centro.
Biografia
Nilmário Miranda é jornalista, foi deputado estadual, federal, Ministro Direitos Humanos no primeiro governo Lula, presidiu a Fundação Perseu Abramo (2008/2012) e foi Secretário de Direitos Humanos em Minas Gerais (2015/2018).
Ele é autor de 5 livros (Dos Filhos deste Solo, sobre os mortos e desaparecido políticos durante a ditadura, em parceria com Carlos Tibúrcio; Memória Essencial, sobre 20 anos de disputas eleitorais do PT – 1982/2002; Por que Direitos Humanos em 2006; Teófilo Otoni , a República e a Utopia do Mucuri em 2007).
O ex ministro Juca Ferreira assina o Prefácio do livro. No auge da ditadura militar, em 1970, procurado vivo ou morto nos cartazes da repressão, Juca foi retirado do Brasil por outro militante clandestino. Não se conheciam.
Num evento no primeiro governo Lula eles se reencontraram. Nilmário Miranda, que se tornou o primeiro titular da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, era o militante que havia socorrido Juca Ferreira.
Juca escreveu: “Foi precisamente naquele instante que, enfim, eu soube ter sido ele a pessoa que, durante dois dias, numa estrada escura, se arriscou por mim. Pessoa que eu nunca havia podido expressar minha imensa gratidão, porque até então não sabia quem ele era. Havia sido Nilmário, que por sentimento de solidariedade me ajudou a atravessar a fronteira de Foz do Iguaçu com a Argentina e o Paraguai rumo ao Chile”.
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