Dum dum, dum tum, dum dum, tum tum, dum dum dum…
Por que não eu, ah ah ah, Por que não eu? Uh uh uh… Por que não eu?….
Você deve tá pensando, ficou louco de vez. Pode ser que não, viu um pouco a emoção nas letras, da música lembrar e disse: outra razão deve ser. Sem motivos para justificar, palavras que saem, ouvindo Leoni, lembro de coisas que serão aqui registradas. Canceriano que sou, Galo de coração, Mineiro pela facticidade e por opção, te oferto um pão-de-queijo, café no bule e a alma quente para me ler. Talvez, depois disso, não irá esquecer. Espere para ver.
Por que não eu, ah ah ah. Por que não eu …
Estou no trabalho, digitando a vida, entregando tarefas pedidas. Patroa foi embora, férias para uma broa assar, mas deixou a nota de tudo ser entregue no prazo que se pede. Faço com carinho, e algum suplício, a idade testemunha, o quanto é assim os dias que se vão, cansaço que é. Porém olho ao redor, conto no relógio e vejo no calendário, as primaveras que estou aqui, tantos outonos e invernos que vivi e contabilizei. Experimentei as lágrimas das estações, os abraços de verão e despedidas a cada ciclo, não sabendo contar direito não. Fiquei sozinho? Claro que não. Fiquei em casa, o que demonstra ser. É bem que sei… Não vou esquecer.
Por que não eu, ah ah ah. Por que não eu …
Viro a nota, ouço a guitarra do Herbert Viana e sigo meu destino. Pulo do trabalho, casa de anos, e vou pra sala de aula, casa da minha alma e do meu coração. Lá, imagina só, penso filosofia e ensino emoções, coisas que ainda aprendo até hoje. Meninos e Meninas, jovens e um pouco mais jovens, perguntam, dormem, saem e voltam, do vai e vem da vida. Patrão amigão, coordenador da educação, diz que assim é no chão de giz, a lousa em branco deixar de ser, para ninguém materializar uma tábula rasa na existência. Conhece-te a ti mesmo, no só sei que nada sei, entendo que o coração tem razão que a própria razão desconhece. Penso, logo existo, e jamais desisto, de continuar na casa do professor, o ninho que me permite ainda ser criança. Eu ainda tenho esperança. Sou um Dom Quixote! Uma verdade absoluta acabei de confessar.
Eu com a cara mais lavada digo porque não…. Por que não eu, ah ah ah…
Caminho mais um pouco, chego sozinho em mim e esta casa é cheia de gente. Rafael, Isabela, Jardineiro, Padre Marcos, Samir, Steffany e Macarons, personagens que deixei nos livros minhas mãos anotarem. Uma boina francesa vermelha, a resistência, disse para não mais ficar na ausência, a escrita de mim ser o toque na alma de alguém. Ainda que seja um, uma, semeadura, para o nosso fim não ser antecipado. Não quero ser o culpado por tanta razão, sabendo que o planeta Terra é mais água do que pedra. Rios, oceanos, pedaços puros de mim que oferto, sem pudor, a cada letra, poesia, crônica, no meu diário crônico que escrevo. É assim que vejo. Minha casa é o desejo de ser imortal, seja nos livros ou no jornal, com doses de dor e amor. Muito amor. Algo fraternal…
Por que não eu ah ah ah, por que não eu…
Quem disse que me esqueceria das territorialidades, na gestão dos lugares, ser extraterrestre, gitiano que me tornei. Sala de aula que voltei, ciência que me convidou, orientadora que se esforçou, a formar o Mestre que não sou, a dizer para o mundo que o mapa é subjetividade e não desenho no papel. Vida, vivência, latência de emoções que conheci, nos livros, nas aulas, de doutores e mestres, e nas amizades de vieses das mais interdisciplinares óticas que já vi. Ah astuta, jamais esquecerei a quinta série que resgatou, no meio das aulas de memórias, da Baronesa que se apelidou. Como isso foi grandioso, espaço que se tornou lugar, topofilia, saudades para sempre. Casa não é? Claro que sim. Onde se estuda e aprende, território para casa ser é. Pode chorar, eu sei… Emoções são territórios também.
Vou dizer aquelas coisas, mas na hora eu esqueço… Por que não eu ah ah ah…
É divertido, sabe, encontrar nos amigos, as confidências da vida. Tanto já disse, sobre política e metafísica, o mundo e o universo, Deus e o Diabo, papo para todo lado. Da infância aos games, do futebol ao partido, do coração destruído de um adeus, meus amigos comigo sofreram. E conhecem tudo isso, pois digo que nem sei o início, de como tudo começou. Sei que chamei e vieram, perguntei e responderam, conselhos que escutei e pratiquei. Tudo deu certo? Claro que não. Mas na amizade isso tem importância? Penso que não, conforto e abrigo que dão, do jeito que for o que sou. Amizade é casa, conforto, segurança, lugar onde pode ser o que quiser. Ser o que é. E foi assim que pensei, da vez que me disseram para fazer, uma rosa entregar na adolescência que tive, o primeiro amor vivenciar. Eu não fiz. Não deu certo. Amigo que caminhou comigo me ouvindo e teorizando o amor. Poeta que viria na existência. Sofrência? Não, paciência… Leoni na sequência.
Por que não eu, ah ah, ah… por que não eu….
Mas tive tanta sorte na vida, mais do que juízo, podem saber, votei no Lula e no PT, ouvindo mais meu coração do que a razão. E segui esse caminho, companheiros de partido, até encontrar a casa definitiva da minha política, estrela que brilha. Ah, eu sei, tem gente que vai ficar oxente, mas não importo com isso. Sou mais disso, de ir pela dificuldade, acreditar na sobriedade, de meu sangue ser rubro e canhoto. Só queria uma chance. E ela veio, por três vezes, número cabalístico, melhor que messiânico. Encontrei no romantismo, no lirismo, no idealismo, na busca por justiça social, voltarmos a ser um país, casa nossa, bandeira tremulando, seleção ganhando, itens de todos nós, povo brasileiro. Brasil nossa casa, nossa pátria… é o nosso desejo.
Você tá nessa rejeitada, Caçando paixão, por que não eu ah ah…
E depois de algumas casas, lugares, domicílios e residências, tive na família, nos irmãos, pai e mãe, a minha acolhida. Foram quem testemunharam meu primeiro choro, o primeiro fora da menina, o desacordo, o sossego que nunca veio. Suor no rosto, lotação que pegava, dinheiro que faltava, comida pra todos dividirem, alegria pra multiplicar. Família é o que há, melhor lugar para ficar, casa para sempre em qualquer endereço, sem CEP e GPS. Pai dizia, mãe confirmava, irmãos apoiavam, que um dia casa eu teria, para ali repousar toda a minha vida e loucuras. Todos riram, disseram que era difícil, mas isso se resolveria sozinho, quando alguém chegasse para mim e perguntasse: qual o melhor lugar do mundo? Eu responderia casa. E eles disseram, asa. Precisava voar, pensei.
E essa era a boa, a resposta que ressoa, quando ouvi dos lábios dela, a sensação do tudo, quando eu nada tinha. Ela era que possuía, dizendo para mim o que seria, depois do abrigo que me deu. Namorada, noiva que aconteceu, vejam só: casei. E olha o que desenvolveu, casa que, sim, se ergueu, família nova que nasceu, uma crônica inédita para ler. Viver! Na nota de seus sentimentos, o lar que veio, foi o abraço que tive, a melhor morada, resposta que ouvi dela. Experimentei com ela. Depois disso, Leoni fez sentido, ao último solo de guitarra, em sol sustenido, música que cantei pra ela, com a acústica de meu coração. Pra que ter razão? Melhor ouvir a canção… Casa boa é só no coração.
Eu encomendo um jantar
Só pra nós dois
Se não tem nada para depois
Por que não eu?
Por que não eu? Ah ah ah… Por que não eu?
E assim nosso filho nasceu…