O serviço público de coleta e análise de exames laboratoriais em Governador Valadares deixará de ser prestado pelo laboratório da Policlínica Central para ser terceirizado a uma empresa privada.
Além disso, o laboratório que funciona dentro do Hospital Municipal (HM) também vai deixar o espaço físico que foi planejado para abrigar o atendimento laboratorial de urgência e emergência aos pacientes internados no HM.
A iniciativa do prefeito André Merlo (PSDB), que promove um desmonte na assistência laboratorial no município e afeta diretamente o usuário da saúde pública, já está sendo colocada em prática, antes mesmo de qualquer diálogo com os servidores lotados nesses dois setores e tampouco com os usuários.
No Laboratório Central (Policlínica) já não será mais possível agendar exames depois desta quarta-feira (23) e o atendimento será definitivamente encerrado no final desse mês, conforme afirmaram funcionários. O local será ocupado, nos próximos meses, pelo laboratório do HM.
No início da tarde de hoje (21), um grupo de servidores, em reunião no Laboratório Central, ouviu da coordenação do setor orientações para que cada um indicasse a área para a qual gostaria de ser remanejado.
A insatisfação era visível. Uma servidora lembrou que o município já experimentou a terceirização de exames e não funcionou. “As senhas eram limitadas, logo acabavam e o usuário tinha que esperar o próximo mês”, relatou.
UTI infantil
Segundo servidores, a justificativa do atual governo é que no local onde funciona o laboratório do Hospital Municipal será construído uma UTI Pediátrica.
Eles dizem que defendem a implantação da UTI infantil, porém, alegam que o local mais adequado seria as instalações da própria pediatria, “onde há espaço suficiente”, sem a necessidade de “desconstruir uma unidade estruturada especificamente para receber o laboratório do hospital”.
Privatização
A decisão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de privatizar os exames, vai alterar a rotina profissional do servidor e pode trazer prejuízo ao erário devido o remanejamento para outros setores de funcionários que são qualificados para uma demanda específica.
Além disso, a terceirização também pode onerar financeiramente o município e pode, até mesmo, resultar em queda da qualidade do serviço.
Procurada pela reportagem do O Olhar, a secretária de Saúde, Caroline Martins Sangali, não informou o motivo de abrir mão de recursos humanos próprios e capacitados para o serviço de coleta e análise de exames laboratoriais para entregar a uma empresa privada.
A SMS também não informou quem prestará o serviço no município ou mesmo se houve ou haverá licitação para a contratação. Mas de acordo com um funcionário da saúde, a empresa terceirizada seria o Laboratório Biocesp.
A reportagem questionou ainda se foram feitos estudos sobre o impacto financeiro da terceirização do serviço laboratorial e impactos na vida do servidor e dos usuários do serviço público de saúde, mas não houve retorno.
Conselho de Saúde
A presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Fátima Salgado, disse que ainda essa semana se reunirá com a secretária de Saúde e só depois irá se manifestar sobre o assunto.