Prestes a completar um ano do desaparecimento de 16 brasileiros nas Bahamas, a comissão externa da Câmara dos Deputados embarcou, neste sábado (2), para o país caribenho em busca de informações sobre o paradeiro dos imigrantes.
O grupo de 19 imigrantes (formado por brasileiros, dominicanos e cubanos) é considerado desaparecido desde 6 de novembro do ano passado, após tentativa de travessia marítima ilegal das Bahamas para os Estados Unidos.
O relator do caso na Câmara, deputado Aluízio Mendes (PODE-MA), disse que o objetivo da viagem é passar pelos locais onde atuam os coiotes (traficantes de pessoas), e tentar coletar com autoridades locais novas informações sobre o ocorrido.
Além das Bahamas, a comitiva formada por três parlamentares, representantes do Itamaraty e da Polícia Federal (PF), deve passar pela República Dominicana e pela cidade de Miami, nos Estados Unidos.
Mineiros
No grupo de 16 brasileiros, dois deles são de Sardoá (MG), no Vale do Rio Doce, distante 72 quilômetros de Governador Valadares.
Renato Soares de Araújo e Márcio Pinheiro de Souza (que na época tinham 32 e 24 anos, respectivamente) falaram com os familiares pela última vez de Nassau, capital das Bahamas, um dia antes da travessia de barco rumo aos Estados Unidos.
Os dois saíram de Sardoá no dia 29 de outubro do ano passado, e mantiveram contato com a família até a véspera do desaparecimento, dia 6 de novembro. De lá para cá, a busca dos parentes por informações não avançou muito.
Desde o ocorrido, o irmão de Renato Soares, Henrique Soares, afirmou mais de uma vez que nenhum órgão do Governo Federal deu suporte às famílias. Nesta segunda-feira (4), pelo WhatsApp, ele conversou com O Olhar:
O Olhar: Como você vê essa ação dos deputados e da Polícia Federal, após quase um ano?
Henrique Soares: Na verdade, é um descaso da Polícia Federal. Já tem quase um ano e eles nunca mexeram, ficavam falando que tinha afundado o barco, conversa fiada pura, não querem trabalhar, incompetência. Os deputados também, no início, mostraram boa vontade, agora estão indo lá, depois desse tanto de tempo. Na verdade, o nosso país não nos ajuda, né.
O Olhar: Sua família ainda tem esperança de encontrar seu irmão Renato e também o Márcio?
Henrique Soares: Eu ponho nas mãos de Deus, minha família tem fé em Deus, e a gente acredita sim, porque não teve naufrágio, não teve nada, é um país muito desorganizado a Bahamas, então pode ser que eles estejam até presos, só que a Polícia Federal não tem moral nem para olhar lá se eles estão presos. Mas a gente tem esperança sim, enquanto não tiver notícias, a gente vai ter esperança. Eu creio que em nome de Jesus, nós vamos ter ao menos uma resposta, uma notícia do que aconteceu, para acabar com esse mistério e essa angústia que ficam no coração da gente.
O Olhar: Por que você descarta a possibilidade de naufrágio?
Henrique Soares: Lá (no local da travessia) passa barco toda hora, então alguém veria. Jornalistas que estiveram lá me contaram, eu já vi fotos, então não tem como ser, não. Todas as pessoas que sofreram naufrágio ali foram encontradas.
Investigação
O deputado Aluízio Mendes explicou que duas vertentes serão investigadas: “a possibilidade de naufrágio e a de que essas pessoas foram assassinadas, no intuito de subtrair os pertence que elas tinham durante a viagem. Eu acho que são as duas possibilidades que a comissão irá analisar, investigar, e acreditamos que, dentro das possibilidades, essas são as mais viáveis de terem acontecido”, afirmou.
A comissão já tem audiência marcada com o chefe da AIC (American Immigration Council), agência americana de combate à imigração ilegal, e com o comandante da guarda costeira na Flórida, que acompanhou as buscas, além de um representante do FBI (Federal Bureau of Investigation).
Nas Bahamas, os deputados têm reunião com o ministro de assuntos estrangeiros, o chefe de polícia do país e diplomatas brasileiros que atuam na região. Eles retornam ao Brasil na próxima quarta-feira (6).
(Com informações da Agência Brasil).
