O acesso ao saneamento básico é um dos principais desafios que os novos prefeitos deverão encarar a partir de 1º de janeiro de 2021 para melhorar as condições de moradia, a prevenção da saúde e o desenvolvimento sustentável dos municípios.
Em Governador Valadares, esse desafio envolve remover o município da estatística de 0% de esgoto tratado, condição que divide apenas com a cidade de São João de Meriti, interior do Rio de Janeiro, dentre as 100 maiores cidades do país.
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Apesar de o fornecimento da coleta de esgoto em Valadares ser de 97,26%, todo o detrito recolhido é despejado ‘in natura’ no rio Doce, não havendo nenhum tratamento anterior.
A obra da primeira Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) não avançou nos últimos quatro anos. O equipamento começou a ser construído no governo anterior, que deixou cerca de 90% do serviço pronto.
A ETE, localizada no bairro Santos Dumont, já deveria estar tratando 75% do esgoto da cidade. O projeto também previa a construção de uma segunda estação, no bairro Elvamar, para tratar os 25% restantes do esgoto. Mas não houve continuidade desses serviços na administração atual.
Perda de água
Outro obstáculo que o próximo gestor terá que enfrentar em Governador Valadares diz respeito ao alto índice de desperdício na distribuição de água. De acordo com o Instituto Trata Brasil, essa perda, em 2018, era de 47,50%; em 2017, o índice ficou em 47,51%.
Isso significa que quase a metade da água tratada é jogada fora, todos os dias, antes de chegar nas torneiras das casas, devido a falhas como vazamentos na tubulação. Quem paga a conta é o consumidor.
A universalização do serviço de água é outro problema. Valadares figura entre os 10 piores municípios (entre os 100 maiores do país) neste quesito, com pouco incremento no número de ligações de água em 2018.
De acordo com o Trata Brasil, entre 2017 e 2018 a cidade perdeu 439 ligações em relação ao necessário para universalizar o serviço, o que pode ter ocorrido por diversos motivos, sendo um deles, atualizações cadastrais.
Também houve um número negativo de ligações de esgoto e, devido a esta redução, o município recebeu conceito zero para esse indicador.
Valadares convive ainda com outros problemas ligados ao saneamento, como a inexistência de um aterro sanitário e a não concretização, ainda, de uma captação alternativa de água.
Sobre esse tema, veja o que dizem os programas de governo dos candidatos a prefeito:
André Merlo (PSDB) – o atual prefeito e candidato à reeleição tem três propostas: viabilização de uma nova captação de água, construção de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e implantação de projeto de destinação de resíduos sólidos;
Coronel Miranda (PRTB) – o candidato neófito apresenta, em seu plano de governo, apenas uma proposta para essa área: a retomada da obra de captação alternativa de água;
Delegado Federal Rui Silva (PSD) – o plano de governo do candidato propõe acompanhar e fiscalizar as obras de captação alternativa de água, tratar 100% do esgoto do município e criar o aterro sanitário;
Dr. Luciano (PSC) – o vice-prefeito afastado também promete construir o aterro sanitário, reduzir de cerca de 50% para 10% o desperdício da água tratada pelo Saae e efetivar o tratamento de esgoto no município;
Elio Lacerda (PSL) – o ex-candidato ao Senado nas eleições de 2018 se compromete a concluir o projeto de construção das estações de tratamento de esgoto, aderir ao marco regulatório legal sobre saneamento básico, e a atingir a meta de 50% do esgoto tratado até 2024;
Fábio Persi (PMN) – o candidato com experiência em várias disputas eleitorais (vereador, deputado estadual e federal) tem como proposta colocar em funcionamento a estação de tratamento de esgoto (ETE), melhorar a coleta de lixo e promover ações para construção do aterro sanitário;
Leonardo Monteiro (PT) – deputado federal com cinco mandatos, o candidato tem os seguintes projetos: colocar em funcionamento a captação alternativa de água, concluir a ETE (estação de tratamento de esgoto) no bairro Santos Dumont e retomar os projetos das ETEs no Elvamar e Santa Rita e construir o aterro sanitário;
Mozart Coelho (Solidariedade) – o candidato não apresenta propostas referentes ao saneamento básico em seu programa de governo;
Rosemary Mafra (PSB) – a vereadora de oposição ao atual governo se compromete, em seu plano de governo, a definir a área e providenciar os licenciamentos para a construção do aterro sanitário municipal e, de forma genérica, a ampliar e melhorar a qualidade do saneamento;
Urbano Santos (Patriota) – o candidato que veio dos Estados Unidos para disputar a prefeitura de Valadares diz que vai concluir a obra da nova captação de água e tirar a cidade do mapa de 0% de tratamento de esgoto, com a instalação de ETEs (estações de tratamento de esgoto) no município;
Xabier (Psol) – o ex-padre promete concluir a estação de tratamento de esgoto (ETE), concluir a nova captação de água e construir o aterro sanitário municipal.