Funcionários dos setores de Fiscalização de Posturas, Praças e Jardins e da Limpeza Urbana da Prefeitura de Governador Valadares reclamam de falta de condições de trabalho. Eles foram transferidos recentemente para um galpão que fica nos fundos da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos (Smosu), no bairro de Lourdes.
Segundo eles, a estrutura não está em condições de uso. Teto e paredes não foram higienizados e não foi colocado piso adequado. As repartições não têm janelas, ventilador ou ar condicionado e o local é considerado insalubre devido ao mau cheiro, poeira e calor excessivo, não oferecendo condições mínimas de trabalho e de preservação da saúde do servidor.
Para amenizar a situação, funcionários fizeram uma ‘vaquinha’ para a compra de cerâmicas para cobrir o piso de cimento grosso com manchas escuras que exalam mau cheiro. O dinheiro para pagar o serviço também saiu do bolso dos servidores. Alguns deles passaram a levar ventiladores de casa para diminuir o calor.
A situação foi denunciada na Câmara Municipal pelo vereador Coronel Wagner Fabiano (PMN), na reunião da última quarta-feira (5). “Fiquei dentro do galpão uns 15 minutos e saí de lá com dor de cabeça. Servidores estão em um ambiente insalubre que traz risco à saúde deles e também à saúde pública, pois o cidadão precisa ir nessas repartições para fazer seus requerimentos. Essa é uma questão grave, então providências precisam ser adotadas pelo governo da forma mais rápida possível”, cobrou.
Um ofício pedindo a realização de vistoria e laudo técnico pelo setor de Segurança do Trabalho da prefeitura já está nas mãos do secretário de Obras Carlos Mário Chaia e do prefeito André Luiz Merlo (PSDB). Os servidores também informaram que vão fazer uma denúncia no Ministério do Trabalho essa semana.
Galpão
O espaço que parte dos servidores da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos passaram a ocupar, desde o dia 26 de novembro, é um antigo galpão que servia como depósito da Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg). Por quase 30 anos, ele foi o destino de sementes de milho, sorgo e outros grãos tratados com agrotóxicos, bem como insumos químicos.
Gases tóxicos liberados por esses grãos em processo de fermentação, durante anos, ainda hoje estão impregnados nas paredes, piso e teto do depósito. Além disso, após a desativação da Casemg em Valadares, o galpão foi doado ao município e passou a ser usado pela Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) para armazenamento de venenos para combate a pragas e endemias, como ratos, escorpiões, cupins e mosquitos da dengue.
No ofício encaminhado ao secretário e ao prefeito, os servidores também alertam sobre a existência de partículas tóxicas de veneno no ambiente de trabalho. Sem a descontaminação do galpão, todos estão expostos à uma possível contaminação, além do mau cheiro, poeira e demais poluentes. Como resultado, dores de cabeça, náuseas e vômitos já é uma constante entre os funcionários.