Dois dos três presos na segunda fase da operação “Sufrágio Ostentação”, deflagrada pela Polícia Federal, estão sendo ouvidos em Governador Valadares nesta quinta-feira (27). Um deles foi preso em Ipatinga e o outro se apresentou aos policiais em Valadares, depois que os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão em sua casa, em Aimorés.
A operação investiga o uso de candidatas laranjas pelo PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Logo no início da manhã, os policiais federais prenderam, em Brasília, Mateus Von Rondon, assessor especial do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
Em Ipatinga foi preso Roberto Silva Soares, o Robertinho. Haissander Souza de Paula foi procurado em sua casa, em Aimorés, mas se apresentou à polícia em Governador Valadares.
O PSL vem sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Eleitoral desde fevereiro, por desvios de recursos do fundo eleitoral. O partido é suspeito de usar candidatas laranjas, destinando a verba para campanha, pegando grande parte de volta, usando empresas de envolvidos ou parentes dos envolvidos na prestação de conta.
Segundo a Polícia Federal, tudo indica que Mateus Von Rondon, assessor especial do ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro, abriu uma empresa somente para entrar nas prestações de contas de quatro candidatas. Lilian Bernardino, Naftali Tamar, Débora Gomes e Camila Fernandes declararam ter pago R$ 32 mil à empresa, que fechou logo após as eleições.
Devolução de recursos
Robertinho, preso em Ipatinga, é 1º secretário do PSL em Minas Gerais, e foi um dos coordenadores de campanha do atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, à Câmara Federal, e seria o responsável por negociar as devoluções dos recursos ao partido.
O irmão de Robertinho, Reginaldo Donizete Soares, é sócio em duas empresas que foram citadas nas prestações de conta. Uma das empresas não estava em atividade havia dois anos e ambas receberam quase R$ 45 mil, segundo as prestações de conta.
A Polícia Federal cumpriu também mandado de busca e apreensão em Aimorés, na casa de Haissander, mas ele não estava. Ex-assessor do gabinete do então deputado Marcelo Álvaro, ele tinha a função de cobrar das candidatas a devolução de recursos, que era destinado às empresas de Reginaldo, irmão de Robertinho.
Haissander se apresentou à Polícia Federal em Governador Valadares. Junto com Robertinho, ele seria ouvido na tarde desta quinta-feira (27), pelos investigadores. Os dois e o assessor do ministro do Turismo permanecerão presos temporariamente. A Polícia Federal também apreendeu computadores e telefones celulares, que serão periciados em busca de provas.