A Polícia Civil de Governador Valadares ainda não sabe o paradeiro do assessor parlamentar e comerciante Edmilson Alves Fernandes, 43, o ‘Edmilson do Gás’, desaparecido desde o último mês de março.
Apesar de ainda não ter encontrado o corpo, a polícia acredita que ele tenha sido morto e quatro suspeitos de praticar o crime foram presos. Eles negam a autoria.
Os esclarecimentos sobre o caso foram repassados para a imprensa na tarde desta terça-feira (5) pelo delegado da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Luciano Cunha de Lima, responsável pelo inquérito policial.
Ele explicou que no dia três de março, por volta das 21 horas, Edmilson Alves recebeu uma ligação telefônica de um homem que solicitava a entrega de um botijão de gás. O endereço era próximo do estabelecimento do comerciante.
A esposa de Edmilson contou ao delegado que ele saiu de casa em uma moto de cor branca e não retornou no tempo que devia. Após fazer uma busca pela vizinhança, junto com os irmãos dele, ela resolveu procurar a delegacia de polícia.
De acordo com o delegado, Edmilson foi vítima de uma emboscada: minutos após sair de casa para fazer a entrega do gás de cozinha, ninguém mais conseguiu fazer contato ou ter notícias do seu paradeiro.
Depois de 80 dias de investigações, a polícia civil concluiu que o caso não se tratava de desaparecimento, mas sim de homicídio.
Pelo menos quatro pessoas estariam envolvidas no crime: Theophilo Gonçalves da Cunha Neto, 22, e sua esposa Larissa Modesto da Silva, 26; Uildo Alves Rodrigues, 43, conhecido como “Branco”, e seu irmão Rossini Alves Dias, 38.
Os fatos
Os irmãos Uildo Alves e Rossini Alves, ex-agentes penitenciários, teriam atraído e executado o ex-assessor parlamentar e comerciante Edmilson Alves Fernandes.
O local do crime teria sido um galpão que fica no bairro Nova Vila Bretas, nos fundos da casa do casal Theophilo Gonçalves e Larissa Modesto.
Levantamento da Agência de Inteligência confirma que a última localização de Edmilson, na noite do seu desaparecimento, foi na frente desse galpão, que fica a 300 metros da casa da vítima.
Além disso, a ligação telefônica feita para levar o comerciante até o galpão, por meio da encomenda de um gás, foi originada do aparelho celular em nome da suspeita Larissa Modesto.
Antes da emboscada, Uildo pegou um carro emprestado com o vizinho E.F.S.J., 30, alegando que iria levar sua filha ao médico. Combinou que demoraria cerca de meia hora.
O vizinho contou que participava de um churrasco e ao perceber a demora na devolução do veículo, entrou em contato com a esposa de Uildo.
Ela negou que alguma de suas filhas tivessem ido ao médico com o pai, que no momento da ligação não se encontrava em casa. Ainda segundo E.F.S.J., o carro foi devolvido quatro horas depois e pelo Rossini, irmão de ‘Branco’.
O veículo tinha os bancos molhados, com exceção do carona, galhos agarrados e arranhões indicando que o mesmo possivelmente teria transitado em estrada de terra e com mato.
Em depoimento, Rossini alegou que das 20 às 23 horas estava no “monte” orando com um pastor, porém, foi confirmado que as orações só começam às 22h, contrariando a versão do suspeito.
A polícia civil afirma que pelos elementos de informações constantes nos autos foi possível perceber o efetivo envolvimento de Rossini na prática criminosa, sendo que o mesmo esteve no “monte” entre 22 e 23 horas.
Esse fato, no entanto, não o impediu de participar do homicídio, considerando que possivelmente Edmilson foi capturado às 21h22, último horário de sincronização de seu aparelho de telefone celular.
O automóvel do vizinho teria sido utilizado para “desova” do corpo, por isso sua devolução só se deu após 1 hora da madrugada.
A perícia criminal realizou teste com luminol no veículo, mas não foram encontrados vestígios de sangue, o que levou a polícia a deduzir que possivelmente a vítima tenha sido morta por asfixia.
A moto de Edmilson Alves foi encontrada por um pescador em uma lagoa de uma propriedade rural nas proximidades da BR-116, no dia 25 de abril. A motocicleta havia sido incendiada. Durante cinco dias, uma equipe do Corpo de Bombeiros fez uma busca na lagoa, na tentativa de encontrar o corpo da vítima, mas não teve sucesso.
Suspeitos
Os quatro suspeitos já são conhecidos do meio policial. Uildo Alves responde por processo na comarca de Peçanha, MG, por tentativa de homicídio duplamente qualificado.
Seu irmão, Rossini Alves, foi preso e condenado a mais de cinco anos por comércio ilegal de arma de fogo, tendo deixado o presídio no início de novembro de 2017.
Theophilo Gonçalves, apesar de não possuir condenação, é suspeito no crime de roubo majorado praticado em um posto de combustível no bairro Vila Isa, em Valadares, junto com Larissa Modesto.
Os investigados foram presos e encaminhados para o presídio local onde permanecerão à disposição da justiça.
“Os suspeitos foram indiciados por crime de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e crime de dano qualificado por uso de substância inflamável contra o veículo do senhor Edmilson”, concluiu o delegado Luciano Cunha.
Família
Idelson Alves e Idélia Alves, irmãos de Edimilson Alves, pediram aos envolvidos no crime que revelem onde está o corpo do comerciante. “Tudo que queremos é enterrar nosso irmão”.