Informações no portal da transparência sobre as ações financeiras e administrativas para enfrentamento à pandemia mostram que a prefeitura de Governador Valadares gastou apenas 49% do dinheiro que recebeu para o combate ao novo coronavírus.
A movimentação refere-se à receita e despesa do município desde março, quando começaram a chegar os primeiros recursos para a cidade, até este mês de novembro. O último repasse, vindo da esfera federal direto para os cofres do município, ocorreu no dia 23 de outubro, no valor de R$ 1.440 milhão.
De março a outubro, a cidade recebeu R$ 58.509 milhões e até agora gastou R$ 28.630 milhões. Ainda há em caixa R$ 29.878 milhões. Ou seja, investiu menos da metade de tudo o que recebeu em medidas específicas de combate ao coronavírus.
Valadares tem 312 mortes por Covid-19 confirmadas nesta terça-feira (10), segundo boletim da Secretaria Municipal de Saúde. Nos últimos sete dias, 12 valadarenses perderam a vida, uma média de 1,7 mortos/dia. Mais 300 pessoas foram infectadas desde o último dia 3, chegando hoje a 9.079 casos confirmados.
Entre elas, o prefeito e candidato à reeleição André Merlo (PSDB), que foi internado ontem à noite e no início da tarde de hoje foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mas o estado de saúde dele é estável, segundo comunicado da prefeitura.
Mais mortes
Governador Valadares é, sem dúvida, o município mineiro com mais mortes por habitantes entre as grandes cidades do estado. Há uma semana atrás, a taxa de mortalidade era de 106,7 mortes a cada grupo de 100 mil habitantes. Muito superior a de Belo Horizonte, que pontuava 59,6, mesmo com uma população quase nove vezes maior que Valadares.
Na última semana, a vizinha Ipatinga somou 1 morte; Uberlândia, 4; Contagem, 8; Uberaba, 6; Betim, 6; Juiz de Fora, 4; Ribeirão das Neves, nenhum óbito. Apenas em Montes Claros e Belo Horizonte houve mais mortes do que Valadares: 13 e 27, respectivamente. Porém, com exceção de Ipatinga, todas as demais cidades têm população superior ou muito superior a de Valadares.
Segundo uma fonte da prefeitura, o atual governo pretende “fechar a cidade”, ou seja, adotar ações mais drásticas para enfrentar o coronavírus, como manter em funcionamento somente os serviços realmente essenciais. No entanto, a medida só será viabilizada após as eleições municipais “para não influenciar na votação”, assegura a fonte.
Enquanto a população espera por resultados mais eficazes no enfrentamento à covid, a cidade segue convivendo com o aumento de pessoas transitando nas ruas e nos comércios, principalmente em supermercados, sem o uso de máscaras, com bares e boates aglomerados, com a falta de fiscalização dos órgãos públicos, com a ausência de campanhas de conscientização, com pouco dinheiro investido no combate à doença, e tudo mais que facilite para que mais pessoas, de todas as idades, morram dia após dia nestes tempos de pandemia.