A reunião da Câmara de Governador Valadares foi encerrada às pressas na noite desta quinta-feira (9), após um início de tumulto e confusão provocado pela fala do vereador Juarez Gomes (União Brasil).
O auditório estava lotado por servidores municipais que promoviam ato público a favor do início das negociações entre o Executivo e o sindicato que representa a categoria (Sinsem-GV) para tratar da Campanha Salarial 2023.
Além das reivindicações da pauta salarial, funcionários do Saae aproveitaram para
manifestar, mais uma vez, contra a concessão da autarquia.
O tumulto começou quando o vereador afirmou que os servidores não tinham conhecimento sobre aquilo que se posicionavam contra: a entrega dos serviços de água e esgoto para a iniciativa privada.
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“Essa pauta é uma pauta que tem sido discutida entre os servidores, desde as primeiras reuniões aqui, apresentando as suas indignações, os seus desconhecimentos da tal concessão”, comentou Juarez.
Do auditório, funcionários do Saae, irritados, começaram a responder ao parlamentar, que repetia da tribuna: “aqui não é audiência pública, aqui não é audiência pública…”, em alusão à audiência pública que aconteceu na quarta-feira (8) para discutir a concessão do saneamento básico do município.
Enquanto o parlamentar chamava a atenção do presidente Regino Cruz (Podemos) para que ele garantisse sua fala, o tom dos protestos contra o vereador crescia no auditório.
Em meio à confusão, Juarez Gomes colocou mais lenha na fogueira contestando a presença dos servidores na “Casa do Povo”. “Eles não vieram aqui? Eles têm que ouvir também, uê!”, frisou.
Do fundo da Câmara Municipal, manifestantes gritavam “a Casa é do Povo”. Sem conseguir apaziguar os ânimos, Regino Cruz encerrou a última reunião do mês de março.
“Quem pode colocar, também pode tirar”
A presidente do Sinsem (Sindicato dos Servidores Municipais), Sandra Perpétuo, esteve ontem à noite na reunião da Câmara. A sindicalista disse que não ficou surpresa com a fala do vereador Juarez Gomes que, segundo ela, não teria nenhum conhecimento do significado político e social do espaço do Legislativo.
“A Câmara também é um local de participação da sociedade, um local onde o povo deveria poder encontrar amparo em suas reivindicações. Lá não é um espaço privativo dos parlamentares, como quis dar a entender o vereador Juarez, e eu não tenho dúvida de que muitos que estão hoje contra o servidor foram eleitos com o voto dele”, criticou.
Na opinião dela, “ser vereador é muito mais que elaborar ou aprovar leis. É muito mais que fiscalizar o prefeito, coisa, inclusive, que essa Câmara não faz. Como agente político eleito pelo povo, o vereador tem a obrigação de defender no plenário não a sua opinião própria, mas o que interessa ao cidadão, depois de ouvir o cidadão, entender o problema dele e o que ele quer como solução. É isso que ele deveria fazer, porque o vereador não representa a ele mesmo, mas sim quem o colocou lá. E é bom que não se esqueçam que quem pode colocar, também pode tirar”, finalizou Perpétuo.
