VÍTIMAS DENUNCIAM DESENVOLVEDOR DE APP POR RECEBER E NÃO ENTREGAR O SERVIÇO

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Vítimas de Guilherme afirmam que número de pessoas que caíram no golpe pode chegar a 400. Foto: Divulgação

 

Pessoas de várias cidades em Minas Gerais e em outros estados foram vítimas de um golpe aplicado por um desenvolvedor web e de aplicativos que seria morador de Governador Valadares.

Segundo elas, trata-se do analista de suporte computacional Guilherme Henrique Rodrigues, 26, dono da Stuxnet Tecnologia, com sede em Alpercata (MG) – Rua José Alves Pereira, 10 A, Centro -, conforme dados do CNPJ da empresa.

Relatos em grupos de Facebook dão conta que Guilherme estaria aplicando o mesmo golpe a pelo menos quatro anos, prejudicando mais de 300 pessoas.

Para extorquir dinheiro dos clientes, o jovem usa seu perfil pessoal nas redes sociais e sua própria conta bancária, sem temer a polícia, a justiça ou as próprias vítimas.

Esquema

O modus operandi é o mesmo: alguém posta em grupos de programação que está buscando um desenvolvedor de aplicativo ou site. Ele entra em contato, mostra um portfólio, fala sobre a demanda, apresenta empresas que já trabalhou, fotos, aplicativos desenvolvidos e cria uma confiança, principalmente por usar dados verdadeiros (documentos e contas bancárias).

Após convencer o interessado e fechar o serviço, ele envia um contrato em que o cliente se compromete a pagar uma entrada que varia de 50% a 70% do valor e o restante na entrega do produto.

Uma vez depositado o dinheiro, começa o pesadelo do cliente. O programador não entrega o serviço e dá início a uma série de desculpas, muitas vezes passando-se de vítima de problemas na família ou de outras pessoas que o contrataram e não realizaram o pagamento.

vítimas dizem ter recebido golpe de desenvolvedor web de gv

“Ele fica enrolando, enrolando e falando que vai depositar e fazendo novas vítimas. Mas o dinheiro nunca chega”, explicou a jornalista Francielly Jesus, que mora em Diadema (SP).

Ela conta que depositou R$ 2.500,00 na conta de Guilherme, referente a 50% do valor total combinado. “Aí começou o caos. Nunca me entregou nada e não devolveu o dinheiro. Ao investigar, vi vários relatos no Facebook de que ele faz esse golpe desde 2016”.

A jornalista, que registrou um boletim de ocorrência (BO) e também procurou um advogado para processar o programador, diz que ele não bloqueia as vítimas em suas redes sociais. “Eu tenho ele aqui no WhatsApp, ele usa o mesmo número, CPF, nome, tudo verdadeiro. Ele é tão cara de pau que age desta forma”.

Ao ser questionada sobre a sensação de ter caído em um golpe, ela responde que quer que ele seja preso e que pague. “Justiça por mim e pelas outras vítimas”.

Não deu em nada

Morador em Belo Horizonte, o lojista Nathan Augusto, 17, é outra vítima do programador Guilherme Henrique. Ele também desembolsou R$ 2.500,00 para pagar a metade do valor combinado para a criação de um robô de automatização de sinais.

“Fui uma das mais centenas de vítimas desse cidadão de Governador Valadares, que dá pelo menos um golpe por semana, no valor de 2.500,00. Ele simplesmente não teme a polícia e muito menos suas vítimas. Ele já acabou com a vida de muita gente, golpe de 10.000,00 de quem não tem  nada e pegou emprestado”, lamenta.

Nathan ressalta que muitas pessoas já registram B.O., “mas até agora não deu em nada. Ele está me enrolando e irá me enrolar por mais de dois anos, assim como fez com todas as outras vítimas”, constata.

O empresário Renato Vilela Romão, também de Belo Horizonte, foi outro prejudicado pelo programador, com quem fechou um serviço de desenvolvimento de software, no final de 2016. Logo no início de 2017, constatou o golpe.

Ele descreve Guilherme como uma pessoa inteligente, com conhecimento sobre o serviço e confirma que ele age sempre da mesma forma. “Pessoas perderam muito dinheiro. Desde 2016 ele aplica golpes e nada o parou até agora, eu nunca vi um caso onde ele foi indiciado”, frisa.

Guilherme Henrique não tem passagem pela polícia, mas um internauta de Governador Valadares comentou, nas redes sociais, que teve sua loja furtada pelo programador. “Esse cara já me roubou aqui na loja golpista ladrão (…) Eu ainda tenho esperança de encontrar com ele”, postou.

Contato

o desenvolvedor web de gv pode ter feito até 400 vítimas
Guilherme tem 26 anos, é casado e tem duas filhas. Foto: Divulgação

No dia 22 de agosto, a reportagem do O Olhar decidiu se passar por um cliente para conversar com o programador. Por meio do WhatsApp, Guilherme Henrique, que no momento estava no GV Shopping com a família, segundo disse, confirmou que “fazia apps”.

Perguntado sobre o critério para estipular o valor a ser cobrado pela criação de um aplicativo, respondeu que dependia do que o cliente precisava.

Sobre a forma de pagamento, ele explicou que firmava um contrato com o cliente, que deveria pagar a entrada de 50%, no cartão ou no dinheiro, e o restante na entrega do serviço.

Também acrescentou que trabalhava em sua casa, no bairro Nossa Senhora das Graças, onde morava com a esposa e filhas, e onde fazia o atendimento a clientes.

Em um novo contato, no dia 2 de setembro, a reportagem revelou que se tratava de uma matéria sobre denúncias de golpe que ele vinha aplicando desde 2016. Também pediu um posicionamento dele sobre a situação.

Guilherme respondeu que preferia não se pronunciar. Após insistência da reportagem, ele alegou que “se tratando disso, meu advogado fala por mim”. No entanto, ao ser solicitado o nome e contato do advogado, o programador não mais respondeu.

Cuidados

A titular da Delegacia Especializada em Falsificações e Defraudações de Governador Valadares, Juliana Fiúza, ressalta que a aplicação de golpes e fraudes pela internet é cada vez mais comum.

Ela pontua que é preciso ficar atento e checar bem as informações antes de decidir fazer uma compra em determinados sites. “Se o preço ofertado estiver muito abaixo do mercado, é preciso desconfiar e tentar conferir, por exemplo, se a empresa realmente existe”, orienta.

A delegada também destaca que vítimas de estelionatários – que visam obter  vantagem através da utilização de fraude, prejudicando terceiros –  devem sempre denunciar, registrando um boletim de ocorrência em sua cidade de origem, para que a polícia investigue e prenda o autor do crime.

 

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