Uma foto do prefeito de Governador Valadares, André Merlo (PSDB), com um copo d’água na mão, ao lado de um bebedouro acionado por aplicativo, virou meme nas redes sociais. A cena aconteceu na portaria do prédio da prefeitura.
A imagem repercutiu e gerou outras versões, como o prefeito ao lado de uma máquina de cerveja, ou de um equipamento com as cores de um conhecido supermercado da cidade.
A instalação de “bebedouros inteligentes” em três pontos da cidade (portarias do Hospital Municipal, da Prefeitura e do Ambulatório Ruy Pimenta), ontem (29), foi bastante divulgada pelo atual governo, tanto nas redes sociais do município, quanto do próprio prefeito.
Piadas à parte, o que foi anunciado pela administração é que a Prefeitura e Saae, juntos, decidiram adquirir, por enquanto, três desses bebedouros, chamados Estações de Reabastecimento de Água (ERA). Outros dois poderão ser instalados nos próximos dias, no Mercado Municipal e no Parque Natural Municipal.
Nesse novo formato, o hábito simples e corriqueiro de tomar um copo de água ficou um pouco mais complicado: para liberar o líquido da máquina, o usuário precisa, antes de tudo, ter em mãos sua própria garrafinha ou copo.
Em seguida, terá que baixar o aplicativo da Refilme – nome fantasia da empresa que está alugando as máquinas para a prefeitura. Depois, é preciso escanear o código do bebedouro (QR Code), escolher o volume de água (200ml, 300ml ou 500ml) e a temperatura de sua preferência (natural ou gelada).
Mas o acesso não é para qualquer um: quem quiser provar da água dessa fonte digital terá que ter, primeiro, um celular; não um aparelho qualquer, dentro da possibilidade de cada um, mas um celular com sistema operacional, ou seja, um smartphone; por fim, a pessoa terá que ter conhecimento de como baixar um aplicativo.
Uma parcela grande de internautas criticou a iniciativa do prefeito por entender que ela dificulta ou exclui o acesso de moradores de rua, idosos e milhares de cidadãos sem capacidade financeira de ter um celular à altura para matar sua sede.
O gasto com o aluguel dos equipamentos, de aproximadamente R$ 27 mil ao ano, também foi visto por internautas como inadequado em tempos de pandemia. Para muitos, a administração deveria priorizar investimentos na saúde, como a compra de medicamentos e a abertura de mais leitos Uti Covid para diminuir o ritmo desenfreado de óbitos pela doença.
Entre os comentários, também houve quem lembrou que a prefeitura chegou a instalar pias sanitárias em locais de grande movimentação de pessoas, mas pouco tempo depois as peças foram recolhidas sem nenhuma explicação do poder público.
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