A estrela que se alinha em sua constelação

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a estrela que se alinha em sua constelação, nova crônica de Ivaldo Meneses Pimenta
Imagem: Divulgação/Internet

Perambulava pelas ruas sem pensar onde ir. Um caminho após o outro, suor no rosto, perdendo queria me encontrar. Ladeiras abaixo, escadas a subir, sol a pino, e nada de vir as marcas do relógio para dizer que tempo era para ser. Alguns anos no passado, muitos minutos mais a frente, a vida da gente é cheia de coincidências que as sincronicidades dizem que não. Rio disso não, pois, águas serão, as correntes que levarão, a um oceano para guardar tudo que já se foi. Marcas de instantes depois, pensamento que se faz, nada pouco tenaz, saudade que fica aqui. Eu disse que não era para rir. Também não era para chorar.

Estou falando do tempo, Menina. Pensou que era o que, mais uma sina? Nada disso não, digo então, porque agora quero ser a ciência que não fui. Matematizar para você, os números complexos e os porquês, de encontrar medida no Universo que me assiste assim. Sozinho nas ruas, ainda que de muitas Minas, Gerais, a ver a vida besta acontecer ao fim de cada verso de um clube da esquina. Pão de queijo que se avizinha, ao gol do Galo narrar, ela bem poderia comemorar, o café da tarde na hora certa. Mas por que a pressa, diria a vizinha, na janela que tinha, todos os olhos para ver. Enxergar o Céu é bobagem, pois para muitos é melhor paisagem a história que se passa na frente das quitandas. Tempo esse vagaroso, de uma sombra e nenhum esforço, de memorar cada detalhe posto, registro jornalístico de uma última edição. Ah, ela era só paixão. Foi o que escutei bem perto de mim.

Agora na escala, o tempo que se passa, é da vida de interior, e não de Andromeda, galáxia muito e muito distante. Mas se bobo sô, ninguém quer saber disso não, que graça tem isso acontecer, de vida fora do planeta ser, pois, aqui agora fervilha a briga na rua, o casal que se luta, o diário crônico anotar. Presto atenção em Marte não, diz a senhorinha, para a alegria da Menina, que só queria namorar. Eu até esboço o meu sorriso, um tanto quanto perdido, estupefato pela troca epistemológica e pela beleza dourada daqueles fios à minha frente. Ah, Jesus, é de ser para sempre? “O Universo, filho?”, ouço a voz do coração. Ah, Senhor, Tu sabes que não.

Deixei de lado essa prosa, e continuei a rota de mais perdido ficar no tempo que não queria ver. O Cosmos é interessante, de tantas estrelas cintilantes, muitas que se apagaram, mas ainda iluminam o dia por aqui. E, assim, metáfora eu vi, querendo correr meus dedos ao papel, no entusiasmo de menino girando no carrossel, para logo ver a brincadeira rodar. A analogia que faria, seria aquela que estabeleceria, a razão do universo ser e de ela acontecer. Na vastidão da ordem estelar, sei que muita coisa tem a se contar, que nem sei por onde começar, coisa que me intriga sim. Contudo, te digo de novo, não sei se assim fiz, mas nela também tem uma medida, da qual nenhum parsec estenderia, tais unidades para se formar. Ela era para apreciar, como uma Alfa Centauro a se aproximar, o calor de uma estrela incandescente a aquecer. A luz de outros corpos celestes pode até se apagar, no relógio cósmico a marcar, mas o brilho que vem dela insiste em ficar, tanto no passado como no futuro, a atravessar dimensões, como nos filmes aos montões, que mostram como se viaja na velocidade da luz. E ela era a luz. E assim foi feita.

Mas Mineiro tem dessa coisa mesmo sô. Vê uma pedra e faz um poema, fica na esquina e forma um clube, vê o vento atravessar a camisa do Galo e faz uma crônica. Então, me perdoem por isso. É coisa di cá da gente, doindin demais, atrevido de só, a não ser um pascóvio, como Rosa proseou de avisar. A gente admira demais a vida, a arte, a mocidade, os mistérios, os universos, seja da rua de cima ou da rua de baixo. Se vê que até E.T teve por aqui, a Varginha descobrir, outras Ibiturunas sobrevoar. Eu sei, estive por lá a ouvir e ver tudo isso sim. E ela estava por ali. O vento ficou de testemunhar, a beleza demostrar, como o Universo é capaz de caprichar, mais que tacho de lenha a deixar o doce de leite açucarar, a perfeição na ponta do lápis um conceito ser. Como um Soneto de Gonzaga a revelar sua ritmação por Marília de Dirceu, Doroteia na intimidade. Ela ouviu isso e ficou com saudade. Ainda mais bonita assim ficou e se expressou. O que me restou? Nenhuma resposta. Nem mesmo da banda de Beagá.

E desse jeito tanto caminhei, e perdido fiquei, encontrando estrelas apagadas e amores de outrora. Tudo para ser anedota, prosa de fim de tarde, com café quente ou chocolate, coisa que deixa a vida mais feliz. Assunto isso tudo, para não se deixar esquecer por nenhum minuto, que a vida da gente é no Céu, na Terra e no Coração também. Falo mais um pouco, para ninguém deixar de ser bobo, que a hora a gente faz acontecer, marcação que podemos acertar quando quisermos, sem necessidade de acompanhar Órion, Saturno ou Constelação de Reunião. Deixo tudo anotado, como receita de broa ao forno assar, a delícia a saborear, sem deixar migalha para depois recolher. Fartura de Deus para ser, estrelas a contar, vida alienígena a registrar, noite para acolher e, sem muito sentido, e com todo o sentido, a única coisa a se validar: um amor para viver. Eita, coisa boa. Eita, coisa de paixão.

Desse modo sim, sutilmente formulo, enfim, a pergunta de conclusão: conhecer o bolinho de chuva ou as rotações de Plutão? Sem muito pensar, com o raciocínio a apontar, respondo de pronto assim, sem mais dizer pra mim, que: qualquer assunto copiado, com alguém que se ama ao lado, em Vênus ou na confusão, é conhecimento então. Seja receita de Pitágoras ou de Vó, sendo a dois, é o que há de melhor. Foi o que eu deixei registrado em minha consideração. Foi o que escrevi em meu brochurão. Fim da minha caminhada, então, que se finda ao pronunciar da voz da Menina, essa última reflexão que ensina:

Guiar pelo doce da vida, é encontrar a estrela que se alinha em sua constelação”.

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