Dois graves fatos consternaram a comunidade educacional no final do mês de março. O primeiro deles, um ato de violência contra uma professora da rede municipal de ensino de Governador Valadares, agredida por uma mãe de aluno com um tapa no rosto.
O acontecido, segundo uma fonte, teria se dado da seguinte forma: a mãe de um aluno esperava o filho em frente ao portão de acesso à escola e falava ao celular. O filho, com idade entre 4 e 5 anos, estava dentro do educandário e próximo da professora, mas ao ver a mãe, correu em sua direção e abraçou sua perna. O que era para ser um ato nada anormal, levou a mãe a questionar a professora, atribuindo a ela uma conduta de omissão.
Enquanto esbravejava, a progenitora teria mantido o dedo em riste, quase tocando o rosto da professora, que ao afastar a mão da mãe, recebeu, de volta, um inesperado tapa na face. O incidente ocorreu no dia 25 de março, na Escola Municipal Pastor Fabiano Alves, no bairro Vila dos Montes. A docente não reagiu.
O segundo fato, tão grave quanto o primeiro, trata-se do silêncio ensurdeceder da Secretaria Municipal de Educação (Smed) e do prefeito André Merlo (União Brasil). A ausência de uma manifestação oficial e pública contra a agressão e de solidariedade com a professora alimenta a violência a educadoras e educadores e abre espaço para sua livre manifestação, deixando uma cicatriz na alma da comunidade escolar.
O golpe físico desferido contra a professora não apenas feriu sua integridade pessoal, mas também abalou a confiança e a segurança de vários educadores do município. Tomando as dores da colega agredida, profissionais da Escola Municipal Professor Damon de Lima decidiram não se calar. Movidos pela indignação, vestiram-se de preto, deram as mãos e promoveram um ato de luto pela falta de amor e de afeto para com a categoria.
Não exigiram privilégios ou tratamento especial. Não. Simplesmente reivindicaram o respeito e a dignidade que merecem como profissionais que moldam o futuro.
Entendem, essas e outras educadoras, assim como outras tantas pessoas comuns da comunidade que se revoltam contra atos desta natureza, que a violência contra as professoras não pode ser tolerada e negligenciada sob o risco de ser relegada, daqui a pouco, a um triste, mas comum reflexo da sociedade atual.
Portanto, é responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação, da Prefeitura de Governador Valadares, da Câmara de Vereadores, do Ministério Público e da Justiça agir com firmeza e determinação para garantir a segurança e o bem-estar de todas as educadoras e educadores dessa cidade.
É urgente, também, romper a desconexão alarmante entre o atual governo e aquelas que dedicam suas vidas à missão de educar.